"A POETISA E O ALMOÇO DE DOMINGO"

(Mini-Conto)

A poetisa do lar, cria e recria enquanto na cozinha de sua casa descasca as batatas e corta as cenouras, para preparar no almoço de domingo, uma bela salada de maionese com milho verde, azeitonas, ervilhas e palmito.

Lavar o cheiro verde (salsinha e cebolinha), a faz viajar na natureza e se orgulhar de ter colhido no quintal, na horta que ela mesma cultivou.

Quantos pensamentos fluindo e ela sem nenhum papel e caneta, as mãos molhadas, e ela tentando guardar na mente, os versos que vão surgindo nitidamente, prontinhos para formar então, linda poesia.

E se conseguir lembrar depois do almoço pronto, quem sabe escrever um lindo soneto que acha uma das belezas da literatura.

Estava tudo pronto.

Ela havia conciliado a inspiração com a preparação do almoço.

Mas a família numerosa, cobrava dela a atenção redobrada.

A delícia dos pratos ali preparados, fazia com que ela fosse a todo o momento solicitada.

Ah! Bendita essa terceira idade.

Como se fosse borracha apagou tudo, não deixou nem mesmo um verso escrito na mente daquela excelente dona de casa.

Bem feito, quem manda querer ser o que não é.

Adeus poesia, adeus soneto.

Quem sabe numa próxima vez, queima logo o arroz, deixa o bife virar carvão, deixa a batata cozinhar demais e então, faz purê.

Mas corre e pega papel e caneta e salva a sua inspiração.

21/04/2013

Sonia Barbosa Baptista

Sonia Barbosa Baptista
Enviado por Sonia Barbosa Baptista em 21/04/2013
Reeditado em 21/04/2013
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