" Espelhando à Sociedade"
Ouço gritos vindos dos mercados.
Que mercados são esses que roubam corações
Que roubam paixões, que calam a censura,
Que pegam o prefácio de nossas vidas!
Sinto o cheiro de óleo diesel vindo do seu coração
Sinto o capitalismo com pressa querendo pegar o que me resta
Deus esteja convosco irmãzinha que veio retirar essa nova doença que você mesma me falou!
Se amor é doença?
Pode injetar Chagas no meu corpo!
Quero sentir queimaduras de 3º grau, tipo aquelas que surgem quando estou vermelho por ter visto o rosto daquela dama!
Chegando em casa, vejo na banca de jornal em uma capa de revista:
“Vendedora que retira o amor das pessoas é um exemplo de empreendimento que deu certo e pode ser o seu no futuro. Compre a revista e saiba como começar a ter lucro com isso”.
Isso é um absurdo penso sem ter pensando, de tão rápido que foi essa reação!
Mas com gotas de remédios no sangue que injetam quando nascemos. Vocês também tem esse sinal no seu braço direito que eu sei! Que têm nas suas composições capitalisme, acho que estou começando a entender porque escrevem em inglês essas substâncias perigosas!!
Compro a revista e vou lá na irmãzinha pegar meu material de trabalho.
Ela me deu um espelho, sem entender pego ele e vou para casa. Poxa num veio nem o Manual de Instruções! Depois de revirar pelo avesso o espelho vejo escrito com letras pequenas:
“Made in Portugal”
Será que é o mesmo espelho que os lusos deram para os índios há uns tempos atrás!!
-Como funciona? Meu primeiro cliente pergunta!
-Num sei, respondo. Mas os índios olharam para ele e amor que reinava nessas terras começou a diminuir.
- Será que na composição do espelho dos lusos tem o fruto proibido, aquele mesmo que reflete o tal do pecado? Pergunta meu primeiro cliente, querendo achar uma explicação para o funcionamento do produto.
-É uma boa suposição. Mas, afinal vai querer usar? É caro mas vale a pena!
- Se não funcionar? Pergunta ele duvidoso.
-Levo para assistência técnica, pode ficar calmo!
-Os índios consertam isso rapidinho, afinal os espelhos funcionaram para o processo de escravidão também.
Fim
Conto escrito por Danilo Rabelo.