O VELHO

Ao sair de casa pelo portão de madeira quebrado e com a cerca já quase caindo, o velho passou a percorrer grandes distâncias no sentido de encontrar alguém para conversar, pois cansado, só e já velho, não tinha mais amigos.

Ninguém aparecia pela vasta vegetação que cobria o local da terra agreste e o sol quente sobre a sua cabeça quase sem cabelos, era protegido pelo chapéu amassado e desbotado pelo tempo.

Seguia o caminho agora marcado por trilha de flores e pequenas cachoeiras, com fluxo de águas cristalinas.

Ao redor, pássaros ainda cantavam e procuravam alimentos.

Cansado o velho parou, sentou-se em uma pedra branca, tirou o chapéu sacudindo-o para livrar das poeiras que nele estavam envolvidas.

Uma árvore frondosa estava perto da pedra e encostando nela conseguiu cochilar, mas logo levantou, pois estava sedento de água. Passou as mãos nos lábios rachados, levantou e continuou a andar.

Como miragens surgiram águas, rios e mangues, mas o solo continua a rachar pelo calor. Não se via mais nada, pássaros não cantavam mais e as cachoeiras estavam distantes.

Por um momento chegou a pensar que isto tudo não passava de pesadelo.

O despertador tocou e com um alívio o velho levantou, deu graças por um novo dia, saiu caminhando pelo campo, levando seu chapéu amassado e uma espingarda, para caçar o seu prato do dia.

LFA – 05.04.2013.

Lúcio Flávio de Albuquerque
Enviado por Lúcio Flávio de Albuquerque em 17/04/2013
Código do texto: T4245147
Classificação de conteúdo: seguro