A fita
A chuva começa a cair devagar sobre o telhado seco da casa, sobre a natureza que rodeia o lugar.
As crianças correm felizes debaixo dos primeiros pingos até atenderem o chamado e entrarem.
Todas as meninas com suas tranças e um menino caçula. Seus longos cabelos nunca cortados aguardando o aniversário de sete anos. Promessa da mãe que depois de cinco filhas pediu ao santo um filho.
Uma fita com o nome do santo amarrava os cabelos do menino. Zelosa mãe com o cabelo do seu menino.
Assim a chuva caiu à noite, continuou na madrugada. Pela manhã tudo estava inundado nos arredores.
As crianças olhavam pela janela, desanimadas. Desejosas da liberdade de brincar pelos arredores. Sem nada para fazer contentavam em olhar e esperar.Em uma época onde não havia eletricidade somente a luz do lampião para iluminar a noite.A natureza era lazer e diversão.
Assim passaram a manhã. Depois do almoço a chuva parou. Deixando tudo inundado nos arredores.
As crianças saíram para varanda e não resistiram à tentação. Saíram a explorar o lugar bastante conhecido. Era a aventura que os chamava.
Passaram a tarde explorando ate que chegou a hora de entrar para o jantar. Somente ai deram falta do caçula. Logo os adultos se juntaram na busca.Chamavam,gritavam e nada.Dentro da casa alguém já acendia uma vela e rezava.Logo a noite chegaria.
De repente o avô resolveu ir para o fundo do terreno. De longe avistou a fita do cabelo boiando.
O menino na sua exploração caiu no poço destampado. Coberto pelas águas. Não conseguiu sair. Quando foi retirado ainda vivia.Porem já não havia tempo...
Ele partiu com seus longos cabelos amarado pela fita colorida. Deixou o vazio da dor que o tempo adormeceu. Porem a saudade e o som dos seu riso vive ainda nas recordações daqueles que com ele conviveram por quase sete anos.
Eternizado sua face no retrato antigo. Algumas vezes mostrado quando sua história é contada.