Viagens pelo Ceará XXII

IDEIAS AVENTUREIRAS, MUSICAIS, LITERÁRIAS, MITICO-CURANDEIRAS, ENXADRÍSTICAS, TEATROLOGAS E INSANAS... DE MORADORES DO VALE JAGUARIBANO, NUM ANO DE ESTIO.

ARTIGO SOBRE O JOGO DE XADREZ parte III

Autor: policial Petronio

Disse mais: o jogo de xadrez não é meramente uma diversão ideal; diversas qualidades muito aproveitáveis da mente, úteis no curso da vida humana, podem ser adquiridas e reforçadas por ele, de modo a tornarem-se habituais para todas as ocasiões, porque a vida é uma espécie de xadrez, na qual temos pontos a ganhar e competidores ou adversários a enfrentar, e na qual há uma vasta variedade de bons e maus eventos, que são, em certo grau, os efeitos da prudência, ou de sua falta. Jogando xadrez, pois, adquirimos: primeiro, previsão, que antevê alguma coisa do futuro, e considera as conseqüências que pode trazer uma ação; porque ocorre continuamente a um jogador: “ se eu jogar esta peça, qual será a vantagem e a desvantagem da minha nova situação? Que outras jogadas poderei fazer para apoiá-la, e para defender-me dos ataques?”

“Segundo, circunspecção, que supervisiona todo o tabuleiro, ou cena das ações – a relação entre as diversas peças e suas situações; os perigos a que estão repetidamente expostas; as várias possibilidades de se ajudarem umas às outras; as probabilidades de que o adversário faça esta ou aquela jogada e ataque esta ou aquela peça, e quais os diversos meios que podem ser usados para neutralizar seu golpe, ou voltar suas conseqüências contra ele.

“Terceiro, cautela, para não fazermos nossos lances apressadamente. Este hábito é melhor adquirido observando estritamente as regras do jogo; por exemplo, se tocarmos em uma peça, devemos jogá-la a algum lugar; se a pousamos, devemos largá-la...

“E por fim, aprendemos com o xadrez o hábito de não sermos desencorajados pelas más aparências presentes na situação dos nossos assuntos; o hábito de esperar por uma mudança melhor e de perseverar na busca de recursos. A partida é tão cheia de acontecimentos, há nela tal variedade de reviravoltas, sua fortuna é tão prenhe de vicissitudes, e frequentemente, após contemplação, descobrem-se meios de desembaraçar-se de alguma dificuldade supostamente insuperável, que se é encorajado até o fim, na esperança de êxito para nossa habilidade; ou pelo menos pela negligência de nosso adversário; e quem quer que considere, como frequentemente verá exemplos no xadrez, que o sucesso está pronto a produzir presunção e sua conseqüente inatenção, pela qual a derrota possa ser recuperada, aprenderá a não se deixar desencorajar demasiado por qualquer êxito presente de seu adversário, nem desesperar da boa fortuna final por qualquer xeque insignificante que receber durante sua busca.

Sou grande admirador do proeminente mestre de xadrez Aaron Nimzovitsch, que foi grande teórico e jogador. Além do xadrez, estudou filosofia em Munique e viveu muito tempo na Dinamarca. Era enxadrista de vigoroso estilo. Em suas obras enfatizava o que praticava no tabuleiro, especialmente a importância de ter algum objetivo para cada lance. Por isso, recomendava repetidamente não jogar “estupidamente”. Desenvolveu teorias de super-proteção, bloqueio, centralização e muitas outras que deram novo rumo ao xadrez em direção à escola hiper-moderna, ele era muito original.

Eis aí o teor do artigo o artigo do Petronio, e eram coisas desse tipo que eu ouvia dele quando estivemos jogando.

Obs:Tenho publicado somente no recanto das letras uma auto-biografia, meu primeiro livro, cujo nome é “Fascinado por chuvas”. Já este texto que voce acaba de ler é parte do meu segundo volume, cujo título e subtítulo pode se lê acima.

Caso essa seja sua primeira leitura desses contos, sugiro que leia desde o primeiro capítulo para uma melhor compreensão e proveito. Atenciosamente

Agamenon violeiro

Agamenon violeiro
Enviado por Agamenon violeiro em 27/03/2013
Código do texto: T4210084
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