Viagens pelo Ceará XX
IDEIAS AVENTUREIRAS, MUSICAIS, LITERÁRIAS, MÍTICO-CURANDEIRAS, ENXADRÍSTICAS, TEATROLOGAS E INSANAS... DE MORADORES DO VALE JAGUARIBANO, NUM ANO DE ESTIO.
RUSSAS
Agradeci aos companheiros pela companhia e disse que pelo jeito eu ia me demorar mais do que pensava naquela bonita cidade.
Naquela noite na pousada comecei a ler o artigo que o Petronio havia escrito sobre o jogo de xadrez e por achá-lo muito interessante, o transcrevo aqui para os amantes desse belíssimo jogo e para os que não o conhecem ainda:
ARTIGO SOBRE O JOGO DE XADREZ parte I
Autor: policial Petronio
Medito muitas vezes sobre a lógica do jogo de xadrez até onde posso ir. Nesse duelo, vejo que existe uma grande complexidade, e uma forma de se levar adiante uma espécie de discussão, um debate, coisas de ponto de vista como opiniões, onde a querela pode ser vencida por um dos dois oponentes ou simplesmente terminar em neutralidade.
O xadrez é uma luta de duas vontades que tendem o mesmo objetivo. É o mais profundo dos jogos. Desenvolve-se com leis rígidas, severas, que não admitem exceção, semelhante às matemáticas e à mecânica. É o escalpelo da alma: ele nos mostra a cultura, o cavalheirismo, o egoísmo e os sentimentos do enxadrista, faz flutuar as taras dos indivíduos, evidenciando-lhes as boas ou más qualidades. É imaginação! É uma luta gostosa de emoções! A vida é muito curta para o xadrez! É uma diversão que tem algo de arte e muito de ciência, é a forma de arte ideal. O xadrez prende a alma toda, mas perdido pouco pesa, pois não é nada. A vida é uma espécie de xadrez, no qual temos pontos a ganhar e adversários a enfrentar. É a lógica em forma de arte. Como o amor e a música, tem o poder de fazer as pessoas felizes. O tabuleiro é o mundo; as peças são o fenômeno do universo; as regras do jogo são as leis da natureza.
A partida é jogada em um tabuleiro quadriculado composto por 64 quadrados de coloração alternadamente clara e escura. No começo da partida, as forças de cada lado são em todo sentido equivalentes, consistindo de 16 peças para cada jogador, a saber: um rei, uma dama, duas torres, dois bispos, dois cavalos e oito peões. O xadrez representa o mais fascinante desafio intelectual expresso em forma de jogo. Consiste de uma batalha em miniatura, entre dois reinos adversários, conduzida vigorosamente e em culto estilo, o objetivo da partida é dar xeque mate ao rei oponente, mas se no decorrer da partida os dois reinos se exaurirem de tal modo que nenhum deles possa aniquilar o outro, podem fazer acordo de empate.
Há algumas explicações simbólicas do jogo: Nos tempos medievais, sustentavam que o tabuleiro de xadrez representava o próprio campo de batalha da vida. As brancas e as pretas representavam a vida e a morte; ou então o bem e o mal. As peças de xadrez representam os homens terrenos, que antes e depois do jogo são conservadas em uma caixa ou em um saco, para recordar-nos de onde viemos todos e para onde todos retornaremos. Quando as peças do xadrez surgem para a “vida” no tabuleiro, elas assumem posições representativas das diversas situações na sociedade. O rei simboliza todo o reinado; sua vida é a vida da nação. A dama, representa a influência da mulher. As torres simbolizam a justiça itinerante. Os cavalos “cavaleiros” representam a aristocracia cosmopolita. Os bispos simbolizam a hierarquia eclesiástica. Os peões são o povo comum. Quando toda essa gente e esses oficiais se entremisturam, o demônio está sempre ocultamente tentando o jogador a fazer um lance fraco, indiferente ou infeliz. Se o jogador faz um lance dessa natureza, estará cometendo pecado e deverá ser punido por uma captura, xeque ou mate. O objetivo maior é o xeque mate, mas cada fase da partida, combinação, ameaça ou ataque, tem um objetivo, ou no mínimo, deverá ter um propósito definido.
Caíssa é a deusa do xadrez e é quem protege o bom jogador.
Aprende-se facilmente a jogar o xadrez, mas é difícil jogar-se inteligentemente. Quando tiramos proveito de sua prática, estamos acumulando experiência. Podemos obtê-la diretamente por nossos próprios esforços, ou interpostamente, aproveitando da experiência alheia. A simples experiência pessoal somente, pode ser um caminho tedioso e desagradável de aprendizado; outros meios como livros e professores podem ser menos desgastantes. Os livros são professores silenciosos, eles apresentam as melhores experiências de gerações de especialistas. Toda experiência acumulada pelos outros serve de base teórica para nossa própria experiência.
Geralmente o aprendiz de xadrez é audacioso, por sua crueza e avidez. É ávido por agarrar qualquer oportunidade que se lhe ofereça para capturar algo, por isso é rapidamente cercado e liquidado. As aventuras de um aprendiz são mais ricas, emocionais e variadas que as do mestre, e um neófito fica muito contente quando a sorte lhe favorece. Já o artista no xadrez é o que conjuga teoria com a sua própria experiência e habilidade para produzir uma bela partida. Tem a capacidade de transformar a profundidade científica do jogo em emoção e apreciação estética. A criação artística deve corporificar o deleite emocional e a satisfação que, de algum modo, cativam a mente humana e culminam em exaltação espiritual.
Há os simples princípios, conselhos que exprimem verdades fundamentais ou doutrinas que quando seguidas servem de auxílio ao enxadrista para atingir o objetivo desejado eficientemente. São eles, a expressão de uma filosofia correta e o resultado de experiências levadas a efeito pelos mestres do xadrez. Os dois jogadores deverão e tentarão empregar esses princípios na partida, porém se um deles se desviar desse caminho, o outro se aproveitará das falhas ou debilidades e tirará proveito disso, podendo até obter a vitória final. Existe grande número de princípios, a segurança do rei, a mobilidade das peças, o princípio da força e muitos outros indicados por grande número de mestres tais como: as peças na abertura devem ser colocadas onde tiverem o mais amplo objetivo, mobilidade e liberdade de movimento. Deve-se desenvolver cavalos antes de bispos, evitar trocar bispos por cavalos especialmente na fase final, deve-se fazer logo o roque, deve-se fazer lances que contenham alguma ameaça, não se deve lançar ataques prematuros, deve-se controlar o centro, deve-se evitar trocas que ajudem a desenvolver outra peças do adversário, não se deve sair logo com a dama... etc.
Obs:Tenho publicado somente no recanto das letras uma auto-biografia, meu primeiro livro, cujo nome é “Fascinado por chuvas”. Já este texto que voce acaba de ler é parte do meu segundo volume, cujo título e subtítulo pode se lê acima.
Caso essa seja sua primeira leitura desses contos, sugiro que leia desde o primeiro capítulo para uma melhor compreensão e proveito. Atenciosamente
Agamenon violeiro