fotos de Rambo com meu marido e criança vizinha.
Conto--Um cãozinho de nome Rambo.
Faz mais ou menos uns quatorze anos que nosso amigo Valtim chegou em nossa casa com alguma coisa embrulhada para dar pra meu esposo. Eu fiquei olhando sem saber o que era.
Só via a coisa mexendo dentro do pano sem parar. Mas logo descobri que era um filhote de cachorro. E vira-lata. Eu o achei tão bonitinho .Era de uma cor marrom. Não tinha manchas no pelo. Era todo de uma só cor...era lindo. Mas na verdade nunca tínhamos tido um cachorro em casa. Eu, particularmente tenho muito medo daqueles cachorros bravos, de raça, apesar de os acharem fascinantes. Nunca tive coragem de deixar um em nossa casa. Mas aquele filhotinho era diferente. O vi tão carente, tão sozinho, necessitado, que fiquei com meu coração abalado. Decidimos que aceitaríamos o presente e agradecemos ao nosso amigo.Nos primeiros dias foi um tormento. Ele latia a noite inteira ,bem fraquinho ...mas continuadamente. A todo minuto eu acordava e ia olhar o que estava acontecendo. Como era época de frio percebia que ele queria ficar quentinho. Dentro da cestinha que o colocamos ficava um pedaço de coberta usada, um pires com leitinho e uma vasilhinha com água. Cabia tudo...pois a cestinha era grandinha. E ali o cachorrinho foi passando os dias, meses, até que saiu de dentro de casa.Mas até chegar esse dia ele foi bem tratado. Meu marido não deixava ele sair com medo de ser roubado ou machucado. Fizemos uma casinha pra ele no fundo da casa. Também lá estava tudo que ele precisava. O nome Rambo fui eu quem dei. No dia em que o recebemos o achei tão fraquinho que eu pensei assim: “ Ele se chamará Rambo...pra crescer forte e sadio como Rambo dos filmes que eu assistia de Silverter Stalonni. Rambo tomou todas as vacinas necessárias, aprendeu a comer comida , ração, e a olhar a nossa casa e o nosso sono. Rambo faz parte de nossa família. Tenho muitas fotos dele com meus filhos , comigo , com crianças aqui da rua e com meu marido. Rambo é tão atencioso e carismático que nos apaixonamos por ele. Durante este tempo todo ele adoeceu umas três vezes. Da última vez fiquei com tanto medo dele morrer que falei assim pro meu marido:--Vá buscar o veterinário....parece que ele está querendo morrer. E assim que meu marido foi atrás do veterinário eu cheguei perto dele e olhei dentro dos seus olhos e percebi uma tristeza enorme dentro daqueles olhos , quase sem brilho, marrons claros e bem oblíquos. Eu logo imaginei em fazer uma oração e coloquei a mão direita na sua cabeça e orei a Deus para que não deixasse ele morrer. Ele não agüentava quase que nem levantar-se. Fiquei mais um pouco perto dele , depois tive que arrumar algumas coisas dentro de casa . Fiquei pensando o que causara aquela tristeza no olhar do nosso cachorrinho e por que ele estava sem querer alimentar-se e com aquela hemorragia. Logo o veterinário chegou e aplicou-lhe umas três injeções. Olhou os seus olhos, e percebeu que ele estava bem fraco. Nos falou que ele estava com uma virose bem forte. Talvez não escapasse. Mas no íntimo eu sabia que Rambo sobreviveria. Ele não poderia morrer .Ele é nosso amigo, nossa companhia. Às vezes , quando estamos sentados na rede da varanda ficamos brincando com ele. O chamamos pelo seu nome, estalamos os dedos pra ele, conversamos com ele como se estivéssemos conversando com uma pessoa. Parece que ele nos entende, nos ouve e a tudo ele responde com alguns latidos e mexidas de rabo, de orelhas e algumas caras e bocas. Fico impressionada com Rambo. Se estou sozinha em casa parece que ele sabe. Se alguém aproxima de minha casa ou do portão ele já começa a latir e eu tenho certeza que é para me avisar de pessoas chegando. Até outros cachorros, gatos, outro animal ,ou mesmo um carro que para perto de casa ele já nos avisa. Quem não gostaria de ter um cãozinho assim? Ainda bem que ele melhorou. Todo Domingo é dia de banho. Rambo não gosta muito de água mas não pode ficar sem tomar banho . E é bem tomado com tudo que ele tem dirteito.Quando o céu fica cinzento e começa a neblina, trovejar e relampiar ele corre para seu esconderijo. Rambo é tão esperto que ele aprendeu comer pão todos os dias. Na hora certinha, às 20:00h , ele pede pão. Temos que partir o pão em pequenos pedaços para que ele não se engasgue. Seu almoço é servido ao meio dia. Ele come tudo . E bebe toda a sua água.Às vezes penso que pensamos menos que os animais... o que eles fazem por nós é muito mesmo. A inteligência dos animais nos deixa subestimados a procurar a razão de tanta compreensão por parte deles. Lamento muito que existem pessoas que ainda maltratam os pobres animais. Eles são nossos amigos e nos fazem companhia. Ai de nós se não fosse o Rambo aqui em casa, nosso amigo e companheiro.
Autora: Margareth Rafael