Continho moralista

Era uma vez, um arquiteto rico. Profissional, sabia das coisas. Era muito inteligente e construía grandes edifícios. Prédios imensos e magníficos, mansões requintadas e extremamente decoradas e inclusive monumentos históricos.

E, dentro desses locais, se encontravam muitas, mas muitas pessoas. Mas as pessoas viviam tristes e melancólicas. Toda a complexidade do projeto do arquiteto rico causava nele próprio e nas pessoas que frequentavam suas obras uma complexidade existencial, que gerava tristeza.

Era outra vez, (mas no mesmo mundo) um arquiteto pobre. Também profissional, como o outro. Fazia obras bonitas, porém muito mais simples. Trabalhava e favelas, áreas e mais pobres e cortiços. Projetava por amor e não recebia nada por isso. Era tudo de graça.

Em suas construções, do mesmo modo que no outro, frequentavam muitas pessoas. Mas essas eram felizes. A simplicidade dos edifícios se refletia no simples modo de viver deles e do próprio arquiteto.

O arquiteto rico era pobre.

O arquiteto pobre era rico.

Em felicidade.

Fernando Lancaster
Enviado por Fernando Lancaster em 12/03/2013
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