Luta pelo direitos

Na manhã do dia 08 de março, dia internacional das mulheres, três adolescentes, um de onze, um de treze e outro de quatorze anos empunhando arma branca invadiram a loja Raquel modas, renderam a dona e fizeram as duas funcionária de refém até conseguirem roubar o dinheiro do caixa, cujo valor chegou há quatrocentos e oitenta e seis reais. A polícia foi acionada, porém quando chegou no local os elementos haviam se evadido. Embora tenham se esforçado, mas até o final da tarde ninguém tinha sido preso.

Conhecidos na área por praticarem pequenos furtos, os menores, apelidados de irmãos metralhas, embora não sejam parentes continuam foragidos e são alí verdadeiros terrores.

As autoridades lamentam a série de incidentes envolvendo menores naquela região, mas que vão resolver. Assim que pegarem os menores irão encaminhá-los a Delegacia de Atenção ao Menor Infrator, para que eles sejam assistidos por psicólogos.

Na área portuária a sensação das pessoas é de impotência. Dona Maria Raimunda pergunta onde está o nosso direito. Os garotos, ainda não mataram, mas estão caminhando para uma situação cuja finalidade não tardará causar a morte de alguém. E ai, as autoridades vão continuar a se desculpar e usar a lei, que mais ampara os menores infratores do que protege os direitos do cidadão honesto.

Dona Isabel questiona que paga imposto... Paga pela segurança, paga pela escola, paga pelos políticos, paga pela Democracia, no entanto não pode ir a praça levar a sua filha menor de idade; à noite quando solta do ônibus em uma esquina, se não correr logo para chegar em casa é capaz de ser assaltada e pior não tem para onde correr, pois o titular desses assaltos são crianças e adolescentes com arma nas mãos, que sem preparo psicológico nenhum, ao menor movimento em falso da vítima, são capazes de desferir um tiro. Onde o cidadão pode vir a se ferir ou a morrer.

Por outro lado, o senhor Antônio fala que a lei fica no papel. Trabalha-se tanto, se ganha um mísero salário. Luta-se bastante para se comprar um bem para satisfazer o seu dia a dia, chega no fim você vê o bandido chegar com você , na maior facilidade possível e lhe tomar sem qualquer resistência ou punibilidade o fruto do seu suor e o que é pior. Na maioria das vezes eles saem calmamente andando em sua frente e você não pode reagir. Do contrário pode ser mais do que uma simples vítima, pode virar protagonista da morte na última página do jornal.

Em muitas das vezes diz o senhor Josias, que se o menor marca você, ele perssegue até conseguir te assaltar, te ferir ou te assustar. Quando denunciado, se ele souber quem foi o delator, se esse cidadão não se mudar, a sua vida vira um inferno, pois é perseguição todos os dias e não há ninguém que o salve. Mas no dia das eleições todos os problemas são lembrados, são discursados a população acompanhados de soluções mirabolantes, que normalmente vão do nada a lugar nenhum.

O fato, que os problemas não são muitos diz o senhor Fortunato... A falta de luminárias nos postes, buracos imensos nas ruas e o que é pior um monte de crianças se criando nas esquinas de qualquer jeito. Não há do poder público nenhum programa assistencial, nenhum tipo de incentivo a cultura ou ao esporte para fazer frente nos bairros. Nenhum tipo de propaganda no viéis, de incentivo a homens e mulheres, a não procriarem sem ter condições, pois quem paga as contas dessa irresponsabilidade, com lágrimas e bens é a sociedade e o Estado. Não há estrutura, não há cultura, haja vista as nossas músicas incentivando a anarquia sexual, moral e política. Todo mundo faz o que quer e o que não deseja.

Se vivemos numa Democracia, completa dona Tereza, precisamos pensar bem o que é essa liberdade e igualdade. Para podermos usá-la adequadamente. Não se pode sair por ai atacando, iludindo ou mascarando o direito das pessoas por pensar e não saber o que é ser realmente livre. A liberdade expressa tem o seu limite, bem como a vida é limitada pela morte. Não há aval constitucional e nem histórico para ações que venham ferir os direitos e as garantias individuais. Pelo contrário, há que se entender, que todos, para viverem em comunidade devem obediência as regras, para que se tenha harmonia. Oxalá outro entendimento, há que se incorrer em verdadeiro descalabro. E não adianta querer surpreender ou fazer algo para agradar, pois que as impunidades, as faltas de compromissos, a sensação de impotência vão se agravando no meio até que o povo comece a fazer justiça com as próprias mãos. Ai toda a politica, toda a trajetória a uma sociedade essencialmente Democrática vai parar no ralo. Sai do esgoto o animal e o ser racional, que a gente conhece se volta contra a sua própria moral.

Após o depoimento dos moradores, até sair a matéria no jornal do fim de semana, a policia ainda andava atrás dos meninos, que estavam foragidos.

Na naquele bairro, área portuária da cidade Progresso... As escolas eram precárias, o posto de saúde não tinha grandes estruturas, carros enfileiravam-se nas esquinas com som alto, motoqueiros andavam sem capacetes as praças estavam todas mal cuidadas. Havia lixo em cada ponto, ruas sem calçamento, sem luminárias, paradas descobertas e conduções que há mais de uma hora não passavam, bem como, a poucos metros de onde estávamos, observávamos, um box policial, com apenas um guarda olhando a televisão, sem nenhum suporte. Inclusive a feira que funcionava juntamente com um mercado, a olhar pelo estado, era de cativar os urubus, do alto em que se encontravam, não precisavam fazer força, só apreciavam, com cara de quem, a hora que quisesse desceriam para pegar os restos alocados em qualquer parte do chão.

A julgar pelo estado, vê-se logo, que as autoridades só assistem pela televisão, ainda não houve nenhum compatriota constitucional que não ignore esse local, pelo menos, enquanto não é dia de eleição.

A lembrar, por tudo, que foi exposto e que o direito não se faz eficiente, pode-se enfatizar o dia das mulheres, que mais do que celebradas deveriam sem utopia serem respeitadas, ou se não, tratadas com menos acidez ou engodo, nos direitos, que vos permite o sistema desse Estado, desse nosso mundo que ainda, permite países como a África, como o Iraque ou como Cuba, entre dias e muros, atrás das linhas festejarem com vivas, a chamada Democracia.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 11/03/2013
Código do texto: T4182830
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