A lenda do miosótis
Era jovem. Vinte e cinco anos, talvez. Bonita, educada e de excelente aparência.
Aos vinte e um anos de idade estava casada, começava uma vida. Um ano e três meses depois, era mãe de uma menina muito bonita, que mesmo ainda criança possuía um sorriso cativante.
Começaram os primeiros passos, as primeiras palavras e o sorriso cada vez mais lhe iluminava o rosto. Não tardava e estaria na escola. Assim foram-se passando os dias, a família cada vez mais orgulhosa da filha, neta e sobrinha. Era o encanto e a alegria daquela gente simples e boa.
O tempo passou, a escola iria começar o ensino do convívio com as crianças da sua idade, as brincadeiras no pátio, os primeiros trabalhos manuais.
Nunca ninguém soube ao certo como aconteceu. A face perdeu a cor rosada, o corpo emagreceu, os olhos perderam o brilho, os médicos sabiam da gravidade do seu estado e os pais amarguravam a cada dia que se passava.
Veio o fim. Na despedida, o choro convulsivo da mãe, os olhos enegrecidos do ainda bem moço pai e a despedida final. Por vezes, a vida é madrasta. O campo onde mãe e filha costumavam brincar serviu de local para o choro de muitas lágrimas.
Determinada manhã, para espanto e maravilha de todos que frequentavam o local, uma desconhecida, delicada e linda flor havia surgido perto do gramado, como por milagre acontecido.
Dizem que assim surgiu o miosótis, a flor que tudo enfeita por uma eternidade.