O REGRESSO DE LAURA
 
 Levei um baita susto ao chegar em casa e ver Laura assim tão linda e disposta. Não sei precisar quanto tempo eu fiquei ali olhando pra ela enquanto organizava suas coisas no armário e cantarolava baixinho uma canção. A nossa canção.
 
 A depressão a consumia a passos largos, os remédios tinham a missão de transportá-la para o abismo negro do sono e, quando voltava dele seus olhos fitavam um lugar no horizonte por horas a fio e destilavam o fel da tristeza.
 
 Não falávamos mais de nada, não nos falávamos há tempos.
 
 Mas hoje não. Ela parece ter renascido, voltado do mundo dos mortos. A me ver entrar, soltou um gritinho de alegria. Aquele mesmo gritinho que eu sempre gostei, pois ao ouvi-lo eu sabia que ela estava feliz. E veio ao meu encontro trazendo consigo seu cheiro, um perfume indescritível. Química mesmo.
 
 Eu surpreso a recebi com um abraço e ela devolveu-me um beijo. Reascendendo a chama adormecida que dera espaço para o sofrimento de ambos...
 
 Neste momento eu senti que valeu a pena esperar por Laura. Não conseguiria explicar, talvez seus olhos mesmos frios pediam socorro, pediam para que eu a esperasse. Eu esperei.
 
 Ela voltou do abismo do sono profundo e eu voltei do inferno da tristeza e solidão...


Paulo Moreno
Enviado por Paulo Moreno em 07/03/2013
Código do texto: T4175694
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