Nem meia, nem inteira.
-Sabe fazer o quê moça?
-Sei de nada não moço.
-Sabe cozinhar?
-Acho que sim.
-“Achar” não existe aqui, sabe ou não sabe mulher?
-Acho que sim- O homem se irritou e continuou:
-Sabe escrever?
-Às vezes sim, e às vezes não, depende do que tenho que escrever, tem gente que gosta sabe? E tem outras que dizem que sou complicada.
-Ok. Sabe vender? –Disse o homem já revirando os olhos.
-Depende.
-Depende do quê minha senhora?- O homem se segurava para não gritar.
-Depende do produto, se eu conhecê-lo vendo que nem banana, mas se for complicado...
-Certo- O homem respirou fundo- Você é organizada menina?
-Sou sim moço, minha mãe me ensinou desde pequena- O homem finalmente encontrou paz.
-Até que enfim você disse algo afirmativo. Então se você é organizada, talvez você possa ser secretária e recepcionista de uma grande empresa, sabe interagir com o público menina?
-Sei sim senhor.
-Ótimo! Tem formação básica em computação?
-Tenho sim senhor!
-Sabe falar em inglês?
-Um pouco meu senhor.
-Bom... Pra vaga que temos é necessário ter conhecimento avançando em inglês... Vamos ver outra coisa... Tem tempo livre integral?
-Não moço.
-Moça!- O homem perdeu a última lasca de paciência- Como é que a senhorita deseja um emprego, se não sabe executar nada por completo, não tem tempo completo, não tem conhecimento completo e nada inteiro?
-Me perdoe meu senhor, minha mãe sempre puxou minha orelha por eu não ser completa, o senhor não tem nenhum emprego que seja meio tempo, meio salário e meio trabalho?- A moça humilde nem esperou a resposta, e já foi se levantando em direção a saída, o homem compadeceu de sua sina e disse:
-Espere moça, fiquei com pena de sua meia vida, vou ver o que posso fazer para lhe ajudar.
-Não moço, muito obrigada, mais em relação a pena, não gosto nem de meia e nem inteira.