Um romance no Deserto : Cena 2

Naquela manhâ,nos casamos,foi uma serimônia simples e caseira,maiores formalidades não eram necessárias naquele momento. Dei a Madalena a aliança que pertenceu ao meu pai,que eu carregava comigo em uma corrente fina presa ao pescoço. Madalena me olhou profundamente,ela não precisou dizer nada,seus olhos jorravam alegria e se inundavam de lágrimas. Me abraçou e me beijou. Ficamos ali entrelaçados por muito tempo,nem vimos o padre sair.

Passamos a noite no celeiro. Nos acomodamos em meio a ferramentas e uma grande quantidade de fêno. Não era exatamente uma cama ou um quarto de verdade,mas foi,com certeza,a melhor noite que tivemos juntos...conforto nunca foi a minha prioridade.

No dia seguinte seguimos viajem. O dono da fazenda foi muito gentil conosco e nos deu alguns viveres e um cavalo para continuar-mos a nossa árdua jornada rumo á um paraiso distante que só existia em minha mente. Acho que o motivo do fazendeiro ter sido tão gentil e hospitaleiro foi o fato de ele ter se sensibilizado com nossa história de vida. "Você parece comigo quando jovem!" Disse o velho na noite anterior depois de eu lhe contar nossas dores.

Partimos novamente seguindo nossa sombra,agora em um cavalo jovem e veloz. Galopamos por mais de meio-dia sem parar,o cavalo dava sinais de exalstão,bom,aquela altura,ele não era o único!

Quando a tarde ja se fazia presente e o sol começava a sumir por entre as enormes rochas e cactos,nós decidimos parar para comer,descançar e passar a noite. Subimos em um rochedo onde tinhamos uma visão ampla de tudo ao nosso redor. Olhei ao longe e vi,com certa dificuldade,uma cidade,aparentemente abandonada a nossa frente,do outro lado,os viajantes solitários caminhavam em pequenos grupos,tão lentamente que pareciam imóveis daquela distancia. O que mais me intrigava era a seriedade de Madalena! A todo momento ela parecia não se abalar com nada. Enquanto eu olhava para ela,contemplando sua beleza de menina-mulher,me perguntava " O que ela vira em mim? Eu lhe passava tanta confiança a ponto de ela me seguir segamente por um caminho obscuro,sem grandes pespectivas a não ser minhas ilusões que,aquela altura,eu mesmo ja começava a duvidar?" Naquele momento,ela me olhou,levantou-se de onde estava e veio ao meu encontro. Deitou-se sobre o meu peito,acariciou o meu rosto rude,e me beijou, como se aquele fosse o jeito dela de responder todas as minhas perguntas.