APRENDIZES

Em tempos remotos, nas imediações de uma linda e aconchegante floresta tropical, sucederam-se fatos marcantes, tendo como testemunhas, os elementos da flora e da fauna, daquele esplêndido lugar!

Era uma linda tarde de verão!

Tudo parecia tão calmo e silencioso, quando de repente, naquele estreito caminho que liga o mundo dos homens ao mundo dos animais e vegetais, ecoam-se risos, muita algazarra e cochichos. Essas ações partiam de duas criaturas meigas e ingênuas, acompanhadas por um animalzinho de estimação. Tratava-se de Juninho e Luna, dois irmãos, que num ato de travessura e ousadia, adentravam-se como se estivessem desejando penetrar no seio da floresta. Faziam isso sem pedir permissão a ninguém e sem temer perigo algum!

Enquanto isso, não muito distante dali, num pequeno, mas convidativo lago, encontrava-se um jovem casal distraído.

Há algum tempo, já estavam no meio do lago, centrados, tentando com muita habilidade, trazer do fundo à superfície, alguns dos ágeis peixes que habitavam naquelas águas.

O pescado, pouco tempo depois, iria transformar-se numa apetitosa refeição!

Ambos não davam conta de que o sol já se encaminhava ao poente, também ainda não tinham percebido a ausência das crianças e do pequeno Rex, o cãozinho de estimação.

Instantes depois, de súbito, perceberam que os pequeninos não estavam ali.

Olhos atônitos em volta! Vêm indagações: onde estão os nossos filhos? Rex, onde você está? Que brincadeira é essa?

Como resposta, apenas o silêncio!

Bate o desespero. Mil pensamentos invadem aqueles corações aflitos.

Apressadamente começam a busca, percorrem o local, depois dirigem-se ao chalé, onde estão hospedados.

Infelizmente as crianças não estão lá.Também não se encontram nos outros chalés da vizinhança. Na verdade, depois que eles saíram com os pais, ninguém mais os viu.

Enquanto os pais e os vizinhos estão desesperados a procurá-los por toda parte; não muito distante dali, um riacho de águas límpidas e cristalinas, proporcionava alegria àquelas crianças travessas e aventureiras!

O cachorrinho também faz a festa, brinca e late feliz, junto aos seus adoráveis donos.

Ali tudo era maravilhoso, mas o sol já estava indo embora, restava apenas o clarão avermelhado no poente.

Luna, meio temerosa e pensando na noite escura que se aproximava, sugere ao irmão que voltem para casa. Este por sua vez, mostra-se indiferente ao que sua irmã pede e diz não ter pressa, não ter medo, inclusive fala, que prefere ficar ali, naquele lugar a voltar para o chalé, pois gostaria muito de sentir a emoção de passar uma noite no meio da mata, ouvindo o som das águas do riacho, junto as plantas, aos animais e pássaros, aventurando-se.

Segundo Juninho, era o cenário perfeito, semelhante ao das historinhas que havia escutado em algum lugar. Histórias que falavam sobre florestas, caçadores, esperas e caças. Por isso mesmo, ficara encantado, quando os pais decidiram passar aqueles dias de férias escolares, no chalezinho de um amigo da família, em meio a natureza.

Luna porém, não concordava com aquilo e, o que mais queria naquele momento, era voltar para casa, pois já estava com fome e bastante cansada das travessuras daquela tarde.Apesar da sua pouca idade,(sete anos), um ano a menos que seu irmão, ela já tinha noção do perigo e, arrependia-se muito por tê-lo acompanhado naquela aventura maluca!

Só fizera aquilo, por que ele lhe prometera, que iam apenas procurar aqueles canários amarelinhos, que cantavam perto do lago.Eles tinham um canto tão belo e seria emocionante vê-los bem de perto!

Mas ao procurá-los, viram apenas seus voos livres e rápidos!

Oh! Eles não eram como pardais, tão mansinhos!

E foi por correr tanto para alcançá-los, que acabaram se distanciando do lago.

Luna estava um pouco zangada com o seu irmão, por que descobrira naquele momento, que ele queria mesmo era ir para a mata e sentir-se um caçador.

De repente, antes que a menina indefesa se desesperasse ainda mais com aquela situação, aproximavam-se dali, algumas pessoas, dentre elas, seus pais, que já estavam muito aflitos, mas, que naquele momento de alívio, ao invés reclamá-los ou puni-los, estavam mais desejosos, era de abraços e beijos calorosos, esses banhados pelas lágrimas de alegria, por tê-los encontrado sãos e salvos!

A pequena Luna, estava radiante com a presença dos pais. Juninho, embora feliz, retraia-se um pouco, pois já sabia que não seria mais daquela vez, que iria vivenciar as aventuras de um caçador.

Mediante tamanha desilusão do menino, a atitude mais sensata dos pais, especialmente da mãe, naquele momento, foi a de aconselhá-lo dizendo: meu filho, para tudo nessa vida há o seu tempo certo; o que ocorre, é que nós seres humanos, por sermos falhos e imperfeitos, às vezes temos necessidade de satisfazer um desejo, antes mesmo de começar outra etapa da nossa vida!