Uma “amuação” fez com que ela extravasasse:
-Burra!
- O que foi que você disse?
- Burra (sem exclamação)
- Você está ciente de sua impertinente ousadia ?
-Burra (som quase inaudível)
- Aqui você faz isso comigo...
-Mas pessoas fazem, em outros lugares, com outras...
- E o agravante é que você não diz nada, só dá pobres exemplos ; a resposta pronta é apenas aqui, em seu território, em sua casa. O pior é que...
A conclusão ficou no ar, para ser constatada depois.
Folhas do calendário foram rasgadas. Novos anos: as meninas, namorados, escolas,clubes, cinemas ambientes , tudo novo .
O fato, não. O que foi quase um vaticínio, envelheceu, valeu...
São 07 :00 da manhã. Uma pequenina e bucólica cidade, talvez nem seja cidade, um vilarejo. Estaciona o carro sob um vermelhão Flamboyant. Tira as sandálias, põe um grande chapéu , fecha o carro e sai, ao léu, a Deus dará. O vento brinca com seus longos cabelos e arrepia a pele; ela gosta. Hora de comer algo, ela é conservadora. “Há hora certa para tudo”
- Difícil dona, aqui não tem restaurante. Só seu Honório, lá naquela amendoeira, tá vendo? Ele faz mariscada prá quem aparece e gosta.
-Mariscada? E tem mariscos em rio?
- Pitu
- Ah... disse ela pensando naquele bicho grande, metido a lagosta que nunca tinha provado.
- Sob a amendoeira, à beira de um rio transparente, bebeu uma cerveja “véu de noiva”, ainda bem, e comeu a melhor refeição de sua vida (com um pouco de exagero). Pagou a despesa e sentou na areia fria e úmida, com os pés banhados pelo ir e vir preguiçoso da água; quase dormia. De um salto, pensou: tenho que estar em casa antes de anoitecer. Chegou afogueada em casa, para falar com aquele que transformava suas pernas em gravetos, seu coração em pudim e sua voz em gelatina de abacaxi.
O telefone chamando.
- demorou para atender...o encontro foi bom, então; a companhia valeu.
-(arfante) companhia?
- sim, o homem que lhe acompanhava, claro!
- meu bem...
- bebeu?
- sim, uma geladinha apenas
- e ele?
- meu querido, não havia “ele”
- fumou?
- amor, não fumo há dois anos, você sabe
- não sei de mais nada...
Silêncio brutal
- Eu me esforço! Mas já vou.
Ele realmente, se esforçou para por fim ao diálogo e foi.
Ela lembrou-se :
... é que você nada faz.
A frase vaticinada foi completada.
-Burra!
- O que foi que você disse?
- Burra (sem exclamação)
- Você está ciente de sua impertinente ousadia ?
-Burra (som quase inaudível)
- Aqui você faz isso comigo...
-Mas pessoas fazem, em outros lugares, com outras...
- E o agravante é que você não diz nada, só dá pobres exemplos ; a resposta pronta é apenas aqui, em seu território, em sua casa. O pior é que...
A conclusão ficou no ar, para ser constatada depois.
Folhas do calendário foram rasgadas. Novos anos: as meninas, namorados, escolas,clubes, cinemas ambientes , tudo novo .
O fato, não. O que foi quase um vaticínio, envelheceu, valeu...
São 07 :00 da manhã. Uma pequenina e bucólica cidade, talvez nem seja cidade, um vilarejo. Estaciona o carro sob um vermelhão Flamboyant. Tira as sandálias, põe um grande chapéu , fecha o carro e sai, ao léu, a Deus dará. O vento brinca com seus longos cabelos e arrepia a pele; ela gosta. Hora de comer algo, ela é conservadora. “Há hora certa para tudo”
- Difícil dona, aqui não tem restaurante. Só seu Honório, lá naquela amendoeira, tá vendo? Ele faz mariscada prá quem aparece e gosta.
-Mariscada? E tem mariscos em rio?
- Pitu
- Ah... disse ela pensando naquele bicho grande, metido a lagosta que nunca tinha provado.
- Sob a amendoeira, à beira de um rio transparente, bebeu uma cerveja “véu de noiva”, ainda bem, e comeu a melhor refeição de sua vida (com um pouco de exagero). Pagou a despesa e sentou na areia fria e úmida, com os pés banhados pelo ir e vir preguiçoso da água; quase dormia. De um salto, pensou: tenho que estar em casa antes de anoitecer. Chegou afogueada em casa, para falar com aquele que transformava suas pernas em gravetos, seu coração em pudim e sua voz em gelatina de abacaxi.
O telefone chamando.
- demorou para atender...o encontro foi bom, então; a companhia valeu.
-(arfante) companhia?
- sim, o homem que lhe acompanhava, claro!
- meu bem...
- bebeu?
- sim, uma geladinha apenas
- e ele?
- meu querido, não havia “ele”
- fumou?
- amor, não fumo há dois anos, você sabe
- não sei de mais nada...
Silêncio brutal
- Eu me esforço! Mas já vou.
Ele realmente, se esforçou para por fim ao diálogo e foi.
Ela lembrou-se :
... é que você nada faz.
A frase vaticinada foi completada.