Na boca do Povo
Ora vejam só!... Mariazinha lá de Chapecó namorou com Esmerindo durante seis meses. Durante esse percurso, o namoro era a moda antiga, beijo na boca, abraços desejosos, andar seguro nas mãos um do outro, mas nada de sexo.
Embora Mariazinha já ter a sua experiência , queria porque queria ter relações só após o casamento. Dizia ela, que aquele era o seu casamento, já não ia casa de véu e grinalda, mas queria ao menos esse pacto. E assim, Esmerindo fazendo uma força danada, porque já tinha a sua experiência também concordou.
Passeavam pela cidade, tomavam sorvete, ficavam até tarde na praça, na frente da casa de Mariazinha, sob a luz apagada, mas não iam mais além.
Veio o casamento e os dois noivos se aceitaram, muitos convidados. A festa foi de arromba,
dançaram a noite toda, fizeram brincadeiras diversas até as seis e meia, quando os noivos embarcaram em um carro alugado, que os levou ao aeroporto.
Seguidos pela multidão, aplaudidos até entrarem na aeronave tudo era alegria, a não ser por dona Raimundinha, mãe de Mariazinha, que chorava com saudades da filha. Aquela moça, trabalhadora, independente e que sempre lhe fazia companhia.
O avião partiu e todos aplaudiram.
Enfim sós, dizia Esmerindo, e ria e abraçava Maria. Ela meio que desacordada, cansada da noitada, pedia com os olhos para dormir.
Chegaram pela manhã no aeroporto do Maranhão, dirigiram-se, logo para o hotel reservado. Mariazinha se queixava de cansaço e Esmerindo esbanjava energia, fazia troças e se ria.
Chegando no hotel, devidamente instalados, Mariazinha quis dormir e Esmerindo saiu para correr na cidade.
Em São Luiz, procurou informações de como ir e aonde ir. Os Lençóis Maranhenses foram logo exaltados e mais do que feliz, depois de correr bastante Esmerindo voltou e sua esposa ainda estava deitada.
Assentou-se de frente para o mar, segurou o jornal para ler tomando o seu café matinal.
Ao meio dia, Mariazinha ainda dormia. Para não incomodar ele desceu e foi almoçar. Após o almoço, tomou banho rápido e foi tirar a sua sesta.
Lá pelas cinco da tarde a moça levantou, falou qualquer coisa como estar morta de cansada, mas o cio já a preparava para o primeiro dia da lua de mel. Começou e a mordendo o lençol de seu esposo tirando-o fora, depois beijou no rosto, mordeu sua orelha e a fazer cocegas, com a voz aninhada chamava amor, amor, amor... eu quero você agora.
Depois de tanta insistência o príncipe acordou, tão faminto, quanto Mariazinha. E como se diz no meio do povo, não se pode juntar o fogo a palha, se não o incêndio se espalha.
Os dois iniciaram os ritos da lua de mel, as janelas se fecharam, as luzes apagaram, o ar ligado ao máximo, enquanto os lençóis se inundaram de beijos e abraços.
Como se alguém tivesse a ouvir atrás da porta, Mariazinha começou a chorar, a chorar copiosamente. E chorando os dois conflitaram inventando a primeira briga, briga tão séria, que Esmerindo saiu desnorteado. O pobre nem ficou no hotel, foi para um boteco qualquer e se danou a beber.
Mariazinha não teve dúvida, ligou para sua mãe ainda chorando e do outro lado, sua mãe pensando aflita imaginou muitas coisa, entre elas, que o Esmerindo havia se excedido e batido em sua filha. A moça falava repetidas vezes em soluço algo que não se entendia, dizia que queria imediatamente se separar e a mãe replicava perguntando o que havia acontecido.
Até que a conversa exausta, a pergunta já excessiva fez a moça confessar o motivo. Mãe dizia Mariazinha não consigo ficar com esse homem, ele tem os documentos falsos, fui enganada e ele vai pagar por isso.
Sem entender a linguagem, dona Raimundinha continuava a perguntar, até que a moça aborrecida falou: Mãe o membro dele é menor que o meu dedo mindinho.
A mãe aliviada tentou amenizar: Filha, em qualquer relação isso não é o principal. Realmente, disse Mariazinha, o principal é não ser enganada. Enquanto a gente namorava, nunca nos vimos nus, ele já tinha a experiência dele e eu a minha, mas ele se exaltava e até me humilhava, dizendo que todas as meninas não o aguentavam. Além de não ser normal, ele não dura mais que três segundos. Por favo mamãe eu quero me separar. Dizia a jovem chorando sem parar. Deu um tempo ouvindo algo que sua mãe posicionara, desligou o telefone, se arrumou, arrumou as coisas, pediu um taxi e foi para o aeroporto.
Sem falar mais nada, chegou em sua cidade e foi logo ao cartório para anular o casamento. Depois contratou um advogado para mover uma ação por danos morais em desfavor de seu ex-marido, Esmerindo. Dizem, que de tão envergonhado, ele ficou lá por São Luiz. Se a ação vingou ou não, ficou na conta do “mensalão”, a única coisa que o povo lembra é que foi manchete do jornal local.