falta de atitude
a gente se olhava, mas não dizia uma palavra, não
sabia se era amor, só pensava de novo em encontrá-la
de novo na frente da escola...era uns dois minutos diante
do portão na hora da entrada...naquele empurra- empurra,
nem importava, como os cotovelos, meus olhos ficavam nela
e os dela, tão tímidos quanto os meus, me procurava no meio
dos alunos...eram castanhos, lembro como hoje, de camisa
branca, calça azul, a boca suave e limpa e o nariz perfeito,
pelinhos nos braços como se sempre tivesse alguém soprando...
isso durou todo aqueles anos, uns quatro talvez, nunca tive
coragem de ir até ela e perguntar, como é seu nome, ou posso
te ver na hora do recreio, fazer o caminho de volta juntos,
nada, somente olhares...até quando chegamos na oitava série,
ela passou a estudar a tarde, e passamos a nos ver cada vez
menos, até que já não nos olhavamos do mesmo jeito, com aquele
mistérios nos corrrendo o corpo, até que parece que o amor escapiliu, cansou de tanta falta de atitude...