ZÉ -Parte 04
Ele andou devagar entre os pés de café, a caminho de casa.
Desviava-se das poças lamacentas da chuva recém caída. Gotículas penduravam-se nas bordas das folhas e arrebentavam-se no chão, como cristais.
Olhou para o alto. Os últimos raios flamejantes do sol, tingiam as nuvens em nuances de alaranjado,amarelo e vermelho. Um espetáculo digno de ser admirado. O ar exalava pura natureza. Ouvia-se ao longe o canto das aves em busca do ninho.
-Toquinho, venha! E o pequeno cão correu ao seu encontro, as patas lhe deixando manchas de terra na calça. Demonstrava seu entusiasmo correndo em círculos ao redor do dono.
_ Você é mesmo um bobão, disse afagando-lhe as orelhas. Aquele era o mais puro, carinhoso e esperto vira-lata que já conhecera. Fazia a alegria de todos, naquela casa.
Zé foi ao encontro da mulher, ocupada em colocar a mesa para o jantar. Enlaçou-a pela cintura, abraçando-a com carinho. Ela voltou-se , sorridente. Os cabelos ainda úmidos pelo banho, desprendiam um suave e fresco perfume.
_É o tempo de seu banho e o jantar está na mesa.
Zé passou pelo quarto onde o filho dormia na penumbra aconchegante. Ficou um tempo ali, admirando o rostinho rosado e o respirar suave.
Em poucos minutos estava de volta. Banho tomado, ainda abotoando a camisa limpa e bem passada.
Durante o jantar, repassaram, como sempre, as novidades do dia.
E Zé contou a visita feita ao amigo Antonio. Disse da conversa com o compadre. Tinha entendido, sem que lhe fosse dito diretamente, que deveria fincar raízes firmes. Traçar objetivos para o crescer sólido.
Contou ainda, que Antonio lhe telefonara naquela manhã. Zé pressentira boas novidades na fala com o amigo. E, confiante, aceitara a viagem para dali a poucos dias.
E era disto que falariam já no dia seguinte.
Zé estava tranquilo, como há tempos não se sentia.
Naquela noite, no silêncio do quarto, o casal não precisou de palavras.
Apenas o carinho dos que se reconhecem amados.
E a ousadia dos amantes que se completam.