A CORTEZÃ VIRGEM Cap. XXIII
Ao contrário, minha amiga, foi melhor do que eu esperava.
A CORTEZÃ VIRGEM – Cap.XXIII
- Então eu a felicito! Você tem mais sorte de que eu!...
- Jessika, eu tenho uma coisa para lhe contar. Espero que você me perdoe. Eu fiz uma coisa sem a sua permissão. Mas já está feito e não me arrependo. Faria outra vez, mesmo que tivesse de perder a sua amizade, e é uma coisa que você sabe que eu mais preso na vida!
- Jaade querida, você me assusta, o que você fez? Já está perdoada, mesmo por que se você não se arrepende, por que pedir perdão? Vamos lá diga!
- Jessika, eu menti para você. Eu não fui á minha casa!
- Jaade, você não precisava mentir para mim, se quisesse viajar, era só dizer que eu lhe permitiria. Afinal, você não é uma empregada comum, você é minha amiga, e muito, muito querida!
- Os amigos não mentem uns para os outros!
- E é por isso Jessika que eu fiz uma coisa que você pode até não aprovar, mas eu acho que devia isso a você. Mas agora eu quero lhe fazer um pedido!
- Apesar de ter mentido, e não quer me dizer o que fez, está concedido!
- Olha Jessika, eu não vou perdoá-la se você voltar a trás!
- Meu bem, o que eu lhe negaria? Eu sei que você jamais faria qualquer coisa que me prejudicasse! Só espero o que você fez, seja bom para você, ou para alguém!
- Muito bem, querida. Eu quero que você se apronte para um passeio comigo. Vamos fazer uma visita a uma pessoa doente!
- Um passeio?! A uma pessoa doente? Mas para isso precisa tanto mistério? Eu vou aonde você quiser. Mesmo por que estou precisando de um passeio. Isto me fará muito bem, mesmo que seja para visitar um doente!
Depois aproveitaremos para você me falar desta viagem misteriosa, que não quer falar nem para uma amiga!
- Jessika, tem uma condição. Para fazermos esta visita, teremos que nos disfarçar de médicas; e você terá que usar óculos, escuro. A sala onde vamos entrar; é obrigado entrar com roupas especiais; esterilizada. Você fará isso por mim?
- Claro, por que não?
- Mas você me promete que... Não tem importância!
- Promete o que Jaade, fale. Você não confia em mim?
- Confio sim. Mas como é um lugar que você não gosta de ir!
- Besteira minha amiga. Se você está me pedindo isso é por que é importante para você. E se é importante para você, é para mim também!
- Está bem. Então vou descansar um pouco. A viagem foi muito dura!
- Você veio de trem?
- Foi sim!
- Por que não alugou um leito?
- Eu prefiro viajar em carro comum. Gosto de andar, me assentar nos lugares desocupados, e conversar com as pessoas desconhecidas. Conhecer os seus problemas!
- Não basta os nossos?
- Realmente, eu vim com dois problemas enormes na cabeça!
- Problemas? Quais?
- Espere e verás!
Quando chegaram á fundação, Dr. Rogerio já as esperava!
- Olá Rogerio, você disse que tinha uma operação muito importante e que não poderia ir lá casa porque estaria muito ocupado!
Não foi necessária a operação, mas precisa de atenção especial.
- Ele precisa fazer uns exames. Eu preciso de sua aprovação…
- Da minha aprovação?! Rogerio, você é o diretor desta fundação, e sabe que eu não me envolvo nestes assuntos. Você sempre teve carta branca. Não sei por que isso agora. Você até me ofende!
- Mas neste caso é precisa!
- Muito bem, então vamos; eu já estou ficando nervosa!
- Vamos lá. Coloque este avental, e estes óculos. Procure evitar que o paciente a veja. Vou deixar o ambiente na penumbra, para que você observe melhor, como se fosse examiná-lo!
- Rogerio, o que está acontecendo, é alguma coisa chocante? Você sabe...
- Mais ou menos. Mas; por favor; procure controlar suas emoções; sejam elas quais forem!
- Não se preocupe Jessika, eu estarei perto de você, disse Jaade. Mas não tire os óculos!
- Vocês estão me assustando!
- Vamos...
Rogerio entrou na frente, depois Jaade, e por fim, Jessika seguida de dois médicos!
- Boa tarde; senhor; como está passando? Está disposto a fazer os exames, perguntou o Dr. Rogerio.
- Sim estou bem. Um pouco cansado, mas estou bem. Onde está a minha mulher, ela está bem?
- Está sim, disse Jaade. Logo ela virá vê-lo!
Tirou a máscara e perguntou: O senhor não está me conhecendo?
- Oi minha filha, não tinha conhecido você. São todos iguais com estas roupas brancas. Parece um bando de anjos!
- São todos médicos que vão tratar do senhor. Não precisa se preocupar.
Esta aqui é a dona da fundação, e quer tratar pessoalmente do senhor!
- Obrigado minha filha, você é um anjo. Eu não mereço tanta atenção.
Jessika se aproximou do pai e pegou na sua mão, e tremeu. Teve vontade de atirar-se nos seus braços e beijá-lo.
Jaade percebendo a situação afastou Jessika sem despertar suspeitas, e disse: “Agora vamos deixar o senhor descansar aos cuidados destes médicos que vão examiná-lo, e providenciar os exames de laboratório. Voltaremos amanhã!”
Jessika se aproximou, e disse-lhe passando a mão na cabeça dele: “Não se preocupe, o senhor estará em boas mãos.”
- Eu tenho certeza disso, minha filha, Deus lhe abençoe. Ele é que há de lhe pagar por que eu não tenho como...
Jessika pôs os dedos nos lábios dele e disse: “Fique tranqüilo. Nós estamos aqui para isso. O que importa é a sua saúde!”
Saíram do quarto, e Jessika não conseguiu tirar uma só palavra da garganta de tanta emoção!
Quando chegou lá fora disse: - Vocês me pagam! Querem me matar? Por que não me preveniu!
- Eu não sabia com você ia receber esta notícia. Mas ainda tem mais, venha!
Na fundação tem apartamentos para pessoas importantes, que vão fazer tratamento demorado, e pagam! Foi lá que Rogerio e Jaade a levou.
Quando ela entrou lá estava sua mãe assentada numa poltrona, que a protegeu de cair no chão ao ver á filha.
- Jessika, você?!
- Então foi você que arrumou tudo isso! Se o seu pai souber, vai ficar pior do que estava!
- Mamãe, me de um abraço antes de fazer estas acusações!
A senhora não acredita que eu não tenho nada com o que está acontecendo, não é mesmo?
- Como posso filha?
- Acreditando! Por que estou lhe dizendo que estou tão surpresa quanto á senhora. Isto é coisa desta bendita menina. E ainda não teve tempo de me contar o que fez!
- Realmente, Dona Lucrecia, Jessika não sabia de nada. Ela nem sabia que eu ia para a sua cidade. Eu disse a ela que ia visitar os meus pais. Ao invés disso eu fui ver como estavam passando a família dela, pois Jessika andava morrendo de preocupação, e saudades. E por que não dizer de desespero.
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Eu sabia por intermédio do Dr. Rogerio que o seu marido não estava passando bem. Então quis ver de perto, já que Jessika não se atrevia fazer! Temia por represália, principalmente de Magda!
- Muito bem, disse Jessika; você poderia ter-me dito!
- Você me permitiria que eu fosse?
- Não sei. Penso que não.
- Então por que está tão aborrecida?
- Mas eu não estou aborrecida. Apenas estou sendo censurada por mamãe, que não me perdoa por algo que estou inocente!
- Minha filha, mesmo que fosse você que tivesse feito esta caridade, eu estaria pedindo a Deus para lhe abençoar, por que seu pai está muito mal.
Ele já não dorme, e não me deixa dormir. Estou em pé, é com muita ajuda de Deus, que não nos desampara. Nós não tínhamos mais recursos, nem para comprar remédio. E estes são tão caros!
O que nos salva; foi Magda ter arrumado um emprego bom, e ganha bem!
- Ah! É? E que emprego é este que paga assim tão bem? Cuida de uma senhora, que lhe dar régias gorjetas!
- Mas quem é esta senhora? Nós conhecemos todas as pessoas de lá! Quem é esta senhora, mamãe?
- Não sei minha filha, é uma estrangeira!
- Estrangeira?
- É sim, Jessika, eu fui apresentada a ela pelo padre Jonathas. Ela é uma benfeitora da paróquia. Como se diz uma destas beatas!
- Você a viu Jaade?
- Vi sim. Eu já disse que o padre me levou lá. Ele foi agradecer o donativo. Nós íamos para sua casa, e passamos em frente. Então ele entrou e eu entrei com ele!
Muito ranzinza. Não faz o meu gênero. Não aprovou a minha roupa para andar em companhia de um padre!
- Você não estava escandalosa Jaade, disse Dona Lucrecia. Até discreta demais para moça da capital.
- É, mas ela!...
Jessika acreditou naquela história, com um olhar para Jaade, como quem dizia: depois conversaremos!
Jaade ficou preocupada, e logo que teve oportunidade de falar com o Rogério disse: “Se Jessika não acreditou na minha história, vamos ter problemas. Vamos ter que tirar Joice de lá!... Mas eu tive uma idéia!”
- Jaade, por favor! Quando você tem estas idéias, aí vem confusão!
- Pior é se Jessika como anda desconfiada, quiser conhecer esta senhora desconhecida na cidade!
Você não se esqueça de que Joice sempre dizia que gostaria de morar numa cidadezinha bem pequena, aonde ninguém a conhecesse!
- Mas ela sabe que Joice morreu!
Mas reserva sempre suas dúvidas, como eu! Você já pensou se ela mandar verificar, ou ela mesma?
- Nem pensar numa coisa desta. Seria uma calamidade! Ela não nos perdoaria nunca, talvez adeus emprego!...
Mas não vamos nos desesperar. Vou ficar de olho nela, qualquer coisa, eu tomo as minhas providências! Já sei o que fazer; mais por hora vamos resolver o problema dos seus pais!
E se nós a levasse para casa? Vamos conversar com Jessika!
- Quando Jaade propôs levar sua mãe para nossa casa, ela disse: Você enlouqueceu Jaade. Mamãe não ia se sentir bem lá em casa. Ia desconfiar de tudo, ou melhor, confirmar o que pensa de mim!
- Eu tenho uma idéia, como disse ao Rogério - Vamos lá sua trapalhona, disse Rogerio!
- Isso mesmo sua trapalhona encantadora!
Jessika abraçou Jaade, e esta quis se desculpar pelo que fez, mas foi interrompida pela Jessika com um beijo, e disse: “Obrigada minha amiga, pela sua coragem. Eu fico lhe devendo mais esta”!
- Você não vai brigar comigo?
- Como poderia querida? E o que seria de mim se não fossem vocês dois!
Qual é o seu plano?
- Nós duas agora seremos empregadas da fundação. Eu sou secretária do Dr. Rogerio! E você é acompanhante e secretária da Dona Amélia.
- Quem é dona Amélia, da fundação? Não a conheço. Nem eu disse Rogerio.
- Jessika, a Amelia lá de casa.
- Quem? Você ficou louca? E não entendi.
- Simples. Apenas somos empregadas da casa, e Amelia a dona da casa, e da fundação. Não haverá função enquanto ela estiver aqui.
Mas se tiver um pedido especial?
- Bem. Nós faremos uma viajezinha com ela, ou passamos a noite na clínica por algum motivo, ficar perto do seu pai!...
Sabe, o que não falta é pose para Amelia passar por madame, você não acha? Pode impressionar os mais descrentes!
- Por outro lado, não precisa que seu pai fique internado. Pode ficar lá em casa. E com muito tempo para se desfazer toda aquela história. Poderemos ter o testemunho da madama Dez.
O que você acha Jessika!
- Meu Deus, Rogerio, o plano dela é perfeito, genial, você não concorda?- Sabe quando Jaade diz que tem um plano, eu tremo na base. Mas desta vez eu acho que tem razão, pode dar certo.
- Claro que da certo!
Dona Amelia hospeda os pais da sua melhor funcionária. Aquela que toma as decisões por ela. Porque está muito cansada.
Quem sabe até queira fazer uma viaje!
- Perfeito, Jaade, perfeito. Vamos falar com mamãe amanhã, por hoje a Dona Amelia nos ofereceu acomodação para eles na fundação.
Não foi difícil convencer Doma Lucrecia, mas agora, o difícil é o senhor Juventino! Mas Dona Lucrecia se encarregou de convencer o marido, usando em parte a desculpa de que assim poderiam descobrir o que havia de verdade sobre a vida da Jessika! Por que todo mundo falou, mas ninguém provou nada.
E nós é que nunca nos interessamos em saber a verdade sobre nossa filha. E esta senhora, completou dona Lucrecia, a dona da fundação quer nos hospedar na sua casa. E é a casa em que Jessika trabalha. Ela é secretária dela, e tem muito poder nas suas, pois a senhora confia inteiramente nela. Até viaja, e deixa tudo sobre sua responsabilidade. Jaade também é empregada dela, mas Jessika é mais importante de que ela!
-Sabe, Jaade tomou esta decisão de trazer você para cá, mesmo sem pedir autorização.
Então, elas são muito poderosas dentro desta tal fundação!
- Vamos meu velho, aceite o convite desta senhora, que fez tanto pela nossa filha, e vamos dar uma oportunidade a Jessika mostrar que ela não é o que dizem dela!
- Está bem, Lucrecia, seja lá o que Deus quiser!Jessika ficou muito feliz, e agradecida a Jaade, que teve esta feliz idéia!
Naquele dia mesmo, depois de preparar tudo, principalmente a Dona Amelia, que a partir daquele momento, ela era a dona da casa e da fundação, e tinha Jessika como seu braço direito!
Foi preparado um grande acolhimento para a família de Jessika, pela senhora Amelia!
No dia seguinte, depois que o senhor Juventino fez os exames de laboratório, ficou esperando os resultados, na casa da Dona Amelia.
Jessika teve oportunidade de mostrar para os pais que ela não era aquilo que eles pensavam!
Jaade procurou ficar sempre perto deles para auxiliar Jessika em qualquer coisa que precisasse e evitar que alguma coisa desse errado, enquanto seus pais estivessem hospedados na sua casa.
Poderia chegar alguém; que desobedecesse ao aviso de que; a casa estava em recesso; então poria tudo a perder.
Com os pais em casa, Jessika estava muito feliz. Era tudo o que ela mais deseja na vida, era conseguir convencer os pais ficarem em definitivo com ela, então a felicidade seria maior.
Ela podia empregar os irmãos na fundação, e a irmã trabalhar em casa, tomando conta dos pais!
- Não era necessário que eles permanecessem ali naquela casa.
Mandaria para uma de suas casas no arrabalde, onde o pai se sentiria melhor, pensou Jessika. Mas isso era uma idéia que poria nas mãos da sua mãe, tinha certeza de que ela convenceria o pai!
Um mês se passou e o senhor Juventino ficou bom. Dona Lucrecia fez também um tratamento, recuperou a saúde; por que na realidade ela tinha mesmo era canseira, de tomar conta do marido. Mas agora já estava em ordem, e poderiam voltar para casa!
Jessika animada pela Jaade; conversaram com eles durante o almoço, então ela disse: - “Que bom se o senhor pudesse ficar aqui em Salvador!”
Depois que saíram da mesa; Jaade ficou recostada na janela triste.
- O que a Jaade tem Jessika, ela está tão triste! Perguntou o senhor Juventino que gostava muito dela.
- Não sei. Ela nunca fica assim! Vou ver o que está acontecendo!
- Deixa que eu fale com ela, disse o senhor Juventino.
O que está acontecendo com você minha filha, perguntou-lhe com muito carinho.
- Nada, não senhor, eu estava só pensando! Por que nós não passamos o fim de semana na chácara da dona Amelia. Estou precisando descansar um pouco.
- Realmente; você tem uma vida agitada. Precisa descansar no fim de semana. Principalmente numa chácara! É longe?
- Não! É pertinho!
Jessika chegou perto dela e disse: -“Veja o que você vai arranjar agora!”
- Eu tive uma idéia!
- Jaade!... “Meu Deus socorre-me” Você sempre me deixa gelada com as suas idéias! Ainda vamos dar com os burros n'água!
- Acompanhe o meu pensamento!
- Jaade!...
- Sabe Jessika, eu estava dizendo ao seu pai, que gostaria de passar o fim de semana na chácara da Dona Amelia.
- Na chácara da Amelia?!
- Sim, Jessika; mesmo por que ela poderia aproveitar para ver aquele problema da pessoa que cuidava da chácara. Parece que ela quer vender por que está dando muito problema! Não acerta ninguém que cuide. É pena por que a chácara é tão linda; e a dona Amelia gosta tanto dela!
- É verdade, disse Jessika! Mas isso é um problema dela!
Jaade; venha comigo ao escritório. Preciso tomar uma decisão, e preciso do seu parecer!
Dona Amelia que ouviu os últimos comentários acudiu a Jaade!
- Jaade, Jessika não sabe nada a respeito de chácara. Ela nem sabe aonde é. Não se deu o trabalho de ir conhecer. Não que eu não tenha convidado!
Embora não estivesse entendendo nada ela disse: - Ah! É verdade, eu nunca tive tempo. Mas me disseram que é muito linda!
- Você é preguiçosa, disse Amelia. Chega fim de semana e não arreda pé daqui de dentro de casa!
Eu acho muito linda, confortável! Qualquer dia eu deixo você aqui e vou morar lá.
Mas agora eu não sei quem vai ficar lá, até que arranje alguém! A família que tomava conta foi embora para o Norte!
- Eu tive uma idéia, disse Jaade!
- Não Jaade, fique quietinha aí, a não ser que você queira ir para lá.
- Bem que eu gostaria, se vocês quiserem. A chácara é tão linda!
- Mas chácara não é para você minha filha. Você é para morar na cidade, disse o senhor Juventino