(Tela - Cristina Jacó)

Judas de Meias
Pequenos sítios e campos desenhavam os contornos daquele município de Judas de Meias.
Lá viviam os irmãos Jéca, Jóca e Juca. Ambos tão lindos que todos os moradores daquelas bandas diziam que no dia em que Deus estava distribuindo a beleza para os seres humanos, permitiu que eles entrassem na fila no mínimo umas cinco vezes!
 

Os rapazes já em idade de casar, encontravam-se todos solteiros devido a um pequeno defeito de fabricação: Eram um tanto lerdos.
Juca, apesar do nome, era o único que se salvava.
 
Numa manhã de sábado, estavam sentados tomando café, quando uma conversa entre Jéca e Jóca, chamou atenção de Juca:
 
- Jóca, tem butado os óio na Felícia por esses dias?
- Não... Por que pergunta?
- Tô com muita pena dela... Fiquei sabendo que ela tá muito doente...
- O que ela tem? É grave?
- Óia, parece que ela tá inté tomando butox, deve ser grave sim, Jóca. Ela deve tá com um bando de carrapato, tanto que só passá o Butox já não tá adiantando mais. Coitada...
- Nossa... É, num deve cê fácir tomá butox, porque passá nos bicho já é difícir por conta do cheiro, magina tomá.
 

Juca se indigna com tamanha burrice e chega aos gritos!
 
- Nossa Senhora! Vocês dois estão falando da Felícia, filha do Senhor Benício? Ela não está com carrapatos coisa nenhuma, o que ela fez foi aplicar Botox nos lábios e Silicone nos seios!
Vocês me vêm com cada uma... Depois não sabem porque as moças não querem casar com nenhum dos dois!
- Mas silicone não é aquela coisa de passá nos pneu do tratô?
- Jéca, pega o Jóca e vão agora dar ração pras galinhas! Vão! É o melhor que vocês fazem, vão, chispa!

 
No caminho, Jóca pensativo...
 
- Jéca, acho que os peito da Felícia vão ficá nos trinque, magina só, passando silicone eles vão ficá briózos, briózos...
- E não é Jóca? Eita Felícia, essa é moça direita e intiligente, boa pra casá!
- Inté lembrei daquela música da Vanessa das Moita, Ranger, sei lá, mas gosto muito: "E aí! O amor pode acontecer... De novo pra você... Alpisti..."
- Que música linda!
- Quando eu butá os óio na Felícia vou cantar essa música pra ela... Acho que aí ela casa!

- Ah, casa sim, Jóca... Ela vai xoná!


 
* É, se o amor é cego, por que não há de ser surdo tumém, nô né? ;)



 
DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 25/01/2013
Reeditado em 25/01/2013
Código do texto: T4104375
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