BORBOLETA
 
    Borboletinha foi assim que o apelidaram. Alguns até não exageravam e resumiam chamando-o  apenas de borboleta.

    Apelidaram-no assim devido ao seu comportamento. Durante as brincadeiras com os irmãos e colegas da vila, corria sempre com os braços bem abertos como se quissese voar.

    Corrigia os irmãos quando os mesmos praticavam alguma peraltice, por isso discriminado por alguns  moleques mais afoitos  que o consideravam como delator excluindo-o assim de algumas brincadeiras.  

    Só conheceu o pai desempregado, poucas vezes sóbrio. A mãe só conheceu com uma trouxa de roupa na cabeça, reclamando sempre do marido que não fazia nada para melhorar aquela situação.

    Desde cedo carregou sobre os ombros a pesada responsabilidade de cuidar dos 5 irmãos menores na ausência e até mesmo na presença dos pais.

    Nunca deixou de sonhar por mais que a vida  fosse cruel. Pensava em estudar, ser um advogado, embora nem mesmo soubesse o que um advogado fazia. O patrão de sua mãe era isso e tinha carro, casa grande e os filhos vestiam roupas bonitas, devia  render um bom dinheiro.

    Sua madrinha foi a única que se preocupou com seu futuro matriculou-o na escola, mas por infortúnio morreu cedo.

    Foi assim a infância daquele menino pobre, primogênito de um casal de analfabetos.

    Advogado, palavra que nunca saiu de sua cabeça e com certeza nunca sairá. Cursou primário , ginásio, segundo grau e universidade em entidade pública, com sacrifício e resignação

    Sem dinheiro para o ônibus, andou a pé. Sem dinheiro para livros, pediu emprestado.

    Debaixo de chuva ou sol sofreu humilhação.

    Hoje excelente advogado e finalmente a explicação dos braços abertos quando corria.  Atitude que lhe rendeu o apelido de borboleta.

     preparava-se para voar rumo a um futuro promissor.

   Finalmente borboleta voou...
Jorgely Alves Feitosa
Enviado por Jorgely Alves Feitosa em 21/01/2013
Reeditado em 19/10/2018
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