UM AMIGO DIFERENTE
Conheci Magno na casa que minha mãe trabalhava como cozinheira, era filho único de seus patrões. Rapaz bonito, rico, acadêmico de medicina e alem de tudo muito simpático.
Não lembro de tê-lo visto namorando ou mesmo simplesmente ficando com alguém, e achava tudo muito estranho.
Desenvolvi um sentimento por ele que nem eu mesma sabia ou não queria saber qual. Quando pensava ser amor, logo descartava tal possibilidade. Pertencia a uma classe social diferente da minha e o que eu menos queria era sofrer. Uma sincera amizade poderia até existir entre nós, pelo menos teria ele sempre perto de mim mesmo que não me amasse.
Visitava minha mãe com frequência e nestas visitas pude perceber que Magno era diferente daquele que conhecia do portão pra fora daquela residência.
Percebi algo estranho ao observá-lo quando sentava a mesa para fazer suas refeições, a maneira como usava o guardanapo e os talheres. Articulava mais que o necessário, parecia totalmente diferente do Magno da Faculdade, grosseirão e relaxado.
Como seus pais estavam viajando a casa estava vazia, apenas Valéria a arrumadeira e minha mãe não haviam sido dispensadas durante aqueles dias e aproveitei para ficar uns dias com elas.
Valéria toda manhã subia para o 1º andar onde ficavam os quarto para arrumar-los, neste dia me ofereci pra dar uma mãozinha, já que na cozinha tudo estava bem adiantado. Valéria aceitou minha ajuda.
Pouco tinha a fazer no quarto do casal e fomos para o quarto de Magno onde lá encontramos uma bagunça. Roupas, cds, meias e sapatos espalhados pelo chão. Livros, cadernos e o notebook ainda ligado em cima da cama com descanso de tela.
Enquanto Valéria lavava o banheiro sentei na cama e sem pensar toquei no notebook, foi quando vi a imagem de uma criança com um homem numa cena nojenta. Cada imagem que via era pior que a anterior e gelei da cabeça aos pés. Percebi que Valéria se aproximou e rapidamente desliguei.
Seria Magno um pedófilo? Aquelas imagens e essa pergunta não me saíam da cabeça e fiquei abatida com tudo.
Não sabia o que fazer. Contar pra minha mãe seria a última coisa que faria. Ela certamente diria pra que eu deixasse a vida dos patrões em paz e ficaria vigiando meus passos.
Também Não poderia denunciá-lo sem provas.
Minha estratégia foi aproximar-me dele abruptamente, pra não lhe dar chance de fugir.
Naquela noite esperei minha irmã dormir, levantei e me dirigi ao quarto de Magno. Queria que soubesse que estava a par de tudo e só assim não teria como negar.
Sentei-me na cama, liguei o note book, escolhi uma das fotos, coloquei como plano de fundo e desliguei o monitor.
Por volta das 12: 30 ele entrou no quarto. A surpresa foi grande quando me viu ali sentada que tropeçou no nada quase caindo sobre a cama.
____ O que faz aqui? Perguntou ainda cambaleando.
Virei para o computador, liguei o monitor e a imagem abriu instantaneamente. Magno deslizou as duas mãos pelo rosto e disse.
____ O que é isso? Como se atreve a entrar no meu quarto? Você é louca é?
Naquele momento arrependi-me daquela atitude, mas não teria como voltar a atrás. Teria que enfrentar qualquer que fosse sua reação. Disse baixo e compassadamente.
____ Quero que me explique o que significa isso.
____ O que é isso o que? Disse segurando meu queixo e levantando minha cabeça com delicadeza.
Consegui me desvencilhar puxando a cabeça para o lado. Novamente segurou meu queixo e olhou profundamente em meus olhos, aproximou seu corpo do meu e abraçou-me fortemente.
Consegui fugir dos seus braços e corri desesperadamente, voltei para meu quarto e tranquei a porta.
Naquela noite não consegui dormir. Os pensamentos se misturavam em minha mente. E agora o que vou fazer? Como vou enfrentá-lo amanhã? E se ele estiver se sentindo ameaçado?
Já deve ter deletado todas as provas que poderiam incriminá-lo ou quem sabe até destruiu o notebook, pensei. E aquele abraço? Já não entendia mais nada e somente perguntas sem respostas me atormentavam.
Consegui pegar no sono já amanhecendo e quando acordei o sol já estava forte entrando pela janela semiaberta. Pulei da cama sobressaltada. Escutei o barulho do motor de um carro que aos poucos foi se afastando até que não escutei mais nada.
Troquei rapidamente de roupa e corri pra cozinha. Minha mãe já estava lá, sentada a mesa tomando café com Valéria.
___ Bom dia querida! Dormiu bem? Perguntou minha mãe sorrindo.
___ Senta aqui, vem tomar café com a gente. Falou Valéria puxando a cadeira.
Sentei sem conseguir dizer uma só palavra. Minha mãe brincou comigo dizendo que eu parecia que ainda estava dormindo. Finalmente eu sorri.
Aos poucos fui sabendo o que havia se passado antes de acordar. Magno saiu dizendo que ia viajar com um amigo por alguns dias, e que já havia ligado pra sua mãe informando.
Terminei de tomar meu café e fui até o quarto de Magno. O notebook não estava mais lá. Procurei dentro do armário, embaixo do colchão, da cama e nada. Ele realmente havia levado.
Passaram-se alguns dias sem que ninguém soubesse de seu paradeiro. Um dia quando saia da faculdade escutei alguém assobiando, olhei discretamente e vi que era Magno, abriu a porta do carro e me ofereceu uma carona. Aceitei mesmo com medo, fechei a porta e ele mandou que eu colocasse o cinto de segurança, pois ia me levar a um lugar distante que eu ainda não conhecia. Fiquei apavorada, tentei sair do carro, mais ele já havia travado as portas não me dando nenhuma chance de fugir. O pânico tomou conta de mim e comecei a pedir desesperadamente pra descer do carro, não queria nenhuma carona. Calmamente ele disse que nada de ruim ia me acontecer e que confiasse nele.
Procurei me acalmar e pensei no que estava acontecendo e no que podia acontecer. O que ele quer de mim? Será que vai me matar por ter descoberto que ele é um pedófilo? Meu Deus, no que fui me meter. Bem que minha mãe dizia pra não se meter na vida dos patrões. E agora?
Depois de algum tempo olhei para o relógio do carro, já fazia 40 minutos que Magno dirigia sem falar. Já estávamos muito distante de casa e pela vegetação parecia que estávamos saindo da cidade rumo a um lugar desabitado.
Já devíamos estar a muitos quilômetros de casa, quando ele saiu da estrada e entrou em outra estreita e sem asfalto.
Mais adiante avistei uma casa muito bonita, rodeada de árvores com um jardim encantador. Parou o carro, destravou as portas e pediu pra que eu descesse. Desci e nos dirigimos a casa. Abriu a porta e entramos.
A casa era simples e aconchegante. Disse que eu ficasse a vontade e que fosse me acostumando, iríamos passar alguns dias ali. Perguntei por que e respondeu que gostaria de me conhecer melhor, que ligasse pra minha mãe dando qualquer desculpa.
Passamos 5 dias naquele paraíso. Cavalgamos, tomamos banho de cachoeira, pescamos, conversamos bastante e quando tentei falar sobre o que havia ocorrido ele disse apenas que confiasse nele e que em poucos dias tudo seria esclarecido.
Magno mostrou-se ser um verdadeiro cavalheiro e por nenhum momento me faltou com respeito ou insinuou qualquer envolvimento mais sério.
Falou que quando voltasse pra casa teria que viajar pra resolver alguns problemas, mas que logo ligaria.
Voltamos pra casa e no outro dia quando acordei já havia partido.
Esperei durante três dias uma ligação, naquela noite por volta das 8 horas o celular tocou, era ele. Mandou que eu ligasse a TV no canal de notícias e desligou.
Liguei a TV e vi que estava sendo realizada uma operação policial, mas ainda não sabia onde e do que se tratava. Concentrei-me na reportagem e ouvi a notícia que a Policia federal havia desmascarado uma rede internacional de pedofilia com a ajuda do Serviço de Inteligência, obtendo sucesso. Os envolvidos foram pegues em flagrante e levados para a polícia federal.
Não entendi o que estava se passando e esperei com paciência um novo contato, assim teria melhor explicação sobre tudo.
A noite Magno chegou e esclareceu todas as dúvidas. Foi ele que descobriu como os integrantes dessa rede de pedofilia agia na internet e assim conseguiu que fossem presos.
Que alivio foi saber que Magno não era pedófilo. Que era incapaz de fazer o mal a alguém. Que era um anjo de pessoa, amável e educado.
Magno me confessou que era homossexual, que podia até ser diferente, mas que por esse motivo não deixou de ser um humano com qualidades e defeitos.
Descobri que pode existir uma amizade sincera quando duas pessoas se respeitam mutuamente, independente de sua opção sexual.
Daquele dia em diante nos tornamos bons amigos.
Conheci Magno na casa que minha mãe trabalhava como cozinheira, era filho único de seus patrões. Rapaz bonito, rico, acadêmico de medicina e alem de tudo muito simpático.
Não lembro de tê-lo visto namorando ou mesmo simplesmente ficando com alguém, e achava tudo muito estranho.
Desenvolvi um sentimento por ele que nem eu mesma sabia ou não queria saber qual. Quando pensava ser amor, logo descartava tal possibilidade. Pertencia a uma classe social diferente da minha e o que eu menos queria era sofrer. Uma sincera amizade poderia até existir entre nós, pelo menos teria ele sempre perto de mim mesmo que não me amasse.
Visitava minha mãe com frequência e nestas visitas pude perceber que Magno era diferente daquele que conhecia do portão pra fora daquela residência.
Percebi algo estranho ao observá-lo quando sentava a mesa para fazer suas refeições, a maneira como usava o guardanapo e os talheres. Articulava mais que o necessário, parecia totalmente diferente do Magno da Faculdade, grosseirão e relaxado.
Como seus pais estavam viajando a casa estava vazia, apenas Valéria a arrumadeira e minha mãe não haviam sido dispensadas durante aqueles dias e aproveitei para ficar uns dias com elas.
Valéria toda manhã subia para o 1º andar onde ficavam os quarto para arrumar-los, neste dia me ofereci pra dar uma mãozinha, já que na cozinha tudo estava bem adiantado. Valéria aceitou minha ajuda.
Pouco tinha a fazer no quarto do casal e fomos para o quarto de Magno onde lá encontramos uma bagunça. Roupas, cds, meias e sapatos espalhados pelo chão. Livros, cadernos e o notebook ainda ligado em cima da cama com descanso de tela.
Enquanto Valéria lavava o banheiro sentei na cama e sem pensar toquei no notebook, foi quando vi a imagem de uma criança com um homem numa cena nojenta. Cada imagem que via era pior que a anterior e gelei da cabeça aos pés. Percebi que Valéria se aproximou e rapidamente desliguei.
Seria Magno um pedófilo? Aquelas imagens e essa pergunta não me saíam da cabeça e fiquei abatida com tudo.
Não sabia o que fazer. Contar pra minha mãe seria a última coisa que faria. Ela certamente diria pra que eu deixasse a vida dos patrões em paz e ficaria vigiando meus passos.
Também Não poderia denunciá-lo sem provas.
Minha estratégia foi aproximar-me dele abruptamente, pra não lhe dar chance de fugir.
Naquela noite esperei minha irmã dormir, levantei e me dirigi ao quarto de Magno. Queria que soubesse que estava a par de tudo e só assim não teria como negar.
Sentei-me na cama, liguei o note book, escolhi uma das fotos, coloquei como plano de fundo e desliguei o monitor.
Por volta das 12: 30 ele entrou no quarto. A surpresa foi grande quando me viu ali sentada que tropeçou no nada quase caindo sobre a cama.
____ O que faz aqui? Perguntou ainda cambaleando.
Virei para o computador, liguei o monitor e a imagem abriu instantaneamente. Magno deslizou as duas mãos pelo rosto e disse.
____ O que é isso? Como se atreve a entrar no meu quarto? Você é louca é?
Naquele momento arrependi-me daquela atitude, mas não teria como voltar a atrás. Teria que enfrentar qualquer que fosse sua reação. Disse baixo e compassadamente.
____ Quero que me explique o que significa isso.
____ O que é isso o que? Disse segurando meu queixo e levantando minha cabeça com delicadeza.
Consegui me desvencilhar puxando a cabeça para o lado. Novamente segurou meu queixo e olhou profundamente em meus olhos, aproximou seu corpo do meu e abraçou-me fortemente.
Consegui fugir dos seus braços e corri desesperadamente, voltei para meu quarto e tranquei a porta.
Naquela noite não consegui dormir. Os pensamentos se misturavam em minha mente. E agora o que vou fazer? Como vou enfrentá-lo amanhã? E se ele estiver se sentindo ameaçado?
Já deve ter deletado todas as provas que poderiam incriminá-lo ou quem sabe até destruiu o notebook, pensei. E aquele abraço? Já não entendia mais nada e somente perguntas sem respostas me atormentavam.
Consegui pegar no sono já amanhecendo e quando acordei o sol já estava forte entrando pela janela semiaberta. Pulei da cama sobressaltada. Escutei o barulho do motor de um carro que aos poucos foi se afastando até que não escutei mais nada.
Troquei rapidamente de roupa e corri pra cozinha. Minha mãe já estava lá, sentada a mesa tomando café com Valéria.
___ Bom dia querida! Dormiu bem? Perguntou minha mãe sorrindo.
___ Senta aqui, vem tomar café com a gente. Falou Valéria puxando a cadeira.
Sentei sem conseguir dizer uma só palavra. Minha mãe brincou comigo dizendo que eu parecia que ainda estava dormindo. Finalmente eu sorri.
Aos poucos fui sabendo o que havia se passado antes de acordar. Magno saiu dizendo que ia viajar com um amigo por alguns dias, e que já havia ligado pra sua mãe informando.
Terminei de tomar meu café e fui até o quarto de Magno. O notebook não estava mais lá. Procurei dentro do armário, embaixo do colchão, da cama e nada. Ele realmente havia levado.
Passaram-se alguns dias sem que ninguém soubesse de seu paradeiro. Um dia quando saia da faculdade escutei alguém assobiando, olhei discretamente e vi que era Magno, abriu a porta do carro e me ofereceu uma carona. Aceitei mesmo com medo, fechei a porta e ele mandou que eu colocasse o cinto de segurança, pois ia me levar a um lugar distante que eu ainda não conhecia. Fiquei apavorada, tentei sair do carro, mais ele já havia travado as portas não me dando nenhuma chance de fugir. O pânico tomou conta de mim e comecei a pedir desesperadamente pra descer do carro, não queria nenhuma carona. Calmamente ele disse que nada de ruim ia me acontecer e que confiasse nele.
Procurei me acalmar e pensei no que estava acontecendo e no que podia acontecer. O que ele quer de mim? Será que vai me matar por ter descoberto que ele é um pedófilo? Meu Deus, no que fui me meter. Bem que minha mãe dizia pra não se meter na vida dos patrões. E agora?
Depois de algum tempo olhei para o relógio do carro, já fazia 40 minutos que Magno dirigia sem falar. Já estávamos muito distante de casa e pela vegetação parecia que estávamos saindo da cidade rumo a um lugar desabitado.
Já devíamos estar a muitos quilômetros de casa, quando ele saiu da estrada e entrou em outra estreita e sem asfalto.
Mais adiante avistei uma casa muito bonita, rodeada de árvores com um jardim encantador. Parou o carro, destravou as portas e pediu pra que eu descesse. Desci e nos dirigimos a casa. Abriu a porta e entramos.
A casa era simples e aconchegante. Disse que eu ficasse a vontade e que fosse me acostumando, iríamos passar alguns dias ali. Perguntei por que e respondeu que gostaria de me conhecer melhor, que ligasse pra minha mãe dando qualquer desculpa.
Passamos 5 dias naquele paraíso. Cavalgamos, tomamos banho de cachoeira, pescamos, conversamos bastante e quando tentei falar sobre o que havia ocorrido ele disse apenas que confiasse nele e que em poucos dias tudo seria esclarecido.
Magno mostrou-se ser um verdadeiro cavalheiro e por nenhum momento me faltou com respeito ou insinuou qualquer envolvimento mais sério.
Falou que quando voltasse pra casa teria que viajar pra resolver alguns problemas, mas que logo ligaria.
Voltamos pra casa e no outro dia quando acordei já havia partido.
Esperei durante três dias uma ligação, naquela noite por volta das 8 horas o celular tocou, era ele. Mandou que eu ligasse a TV no canal de notícias e desligou.
Liguei a TV e vi que estava sendo realizada uma operação policial, mas ainda não sabia onde e do que se tratava. Concentrei-me na reportagem e ouvi a notícia que a Policia federal havia desmascarado uma rede internacional de pedofilia com a ajuda do Serviço de Inteligência, obtendo sucesso. Os envolvidos foram pegues em flagrante e levados para a polícia federal.
Não entendi o que estava se passando e esperei com paciência um novo contato, assim teria melhor explicação sobre tudo.
A noite Magno chegou e esclareceu todas as dúvidas. Foi ele que descobriu como os integrantes dessa rede de pedofilia agia na internet e assim conseguiu que fossem presos.
Que alivio foi saber que Magno não era pedófilo. Que era incapaz de fazer o mal a alguém. Que era um anjo de pessoa, amável e educado.
Magno me confessou que era homossexual, que podia até ser diferente, mas que por esse motivo não deixou de ser um humano com qualidades e defeitos.
Descobri que pode existir uma amizade sincera quando duas pessoas se respeitam mutuamente, independente de sua opção sexual.
Daquele dia em diante nos tornamos bons amigos.