Toque desejo da morte
Era linda, uma menina muito querida, porém invejada. Sua beleza era celestial. Não havia na comunidade dos Anjos menina igual a ela. Por onde passava jovens faziam cortejo. Ela era a beleza e o coração daquela cidade.
Outono chegava, os dias eram mais lindos nesta época, ela adorava, mas não esperava o que o destino iria aprontar. Uma armadilha cruel e dolorosa, Lúcia já não era tão linda e nem especial, era amaldiçoada.
Filha caçula da família Hangelus-esta família era bem conhecida e a mais antiga da cidade- os fundadores da cidadezinha Anjos. Lúcia tinha um brilho a mais, seus irmãos Joseph e Arthur, eram jovens soldados, que estavam em Mariah Luz, cidade vizinha lutando contra o rei ditador Áckilles Dímenes.
Voltando a Anjos, Lúcia caminhava todos os dias. Ela ia a praça e principalmente a igreja, era muito devota dos Anjos. Acreditava na existência deles e de que podia conversar com eles enquanto dormia. A sua pureza concedia esta permissão de contato com o celestial.
Era aniversário de 18 anos de Lúcia, a madrugada estava fria, e em seu quarto um vento fria insistia em bater na sua janela, ela levanta e olha lá fora. Era um temporal que estava chegando. Ventava, trovoava, relampeava, as pessoas da cidade nunca haviam visto um temporal igual aquele. Todos ficaram com medo, menos Lúcia, amava temporais. Neste dia a cobrança de uma aposta seria acertada.
Fazia e já se tornava moça, deixava a pureza e a inocência para ser uma mulher, uma mulher prometida ao tirano, este seria o seu companheiro, seu amor, seu marido. Ela não queria casar, a sua vida queria aos anjos dedicar, sua família não aceitava. Deveriam, mas não podiam contar o real segredo e o motivo deste casamento forçado.
Rogels era príncipe de Mahutine, um reino próximo a Anjos, ele era um grande feiticeiro e a família de Lúcia concedeu uma magia, trouxe a eles a vida de sua pequena menina, Lúcia havia nascido sem vida, sua pele era branca e fria, sua mãe em desespero prometeu se alguém conseguisse trazer e dar a vida a sua filha, a mão dela em casamento teria, e assim que completasse 18 anos o casamento seria realizado. Ouvindo isso muitos feiticeiros apareceram, mas nenhum conseguiu dar vida a criança. Todos estavam perdendo a esperança quando surge Rogels, o feiticeiro mais poderoso de seu reino, e o mais amaldiçoado, trazia tatuado em seu destino a praga de viver eternamente sozinho, mulher nenhum o amava. Ele deu vida a Lúcia e a sua mão teve prometida.
Os dias passaram ele acompanhava de perto o crescimento de sua amada, por ela tinha um imenso amor, a desejava como nunca desejou uma mulher em sua existência, Lúcia era para ele a esperança de ser amado e desejado por uma mulher. Porém Lúcia não o correspondia, o amor dela era dos anjos, a vida dela era os seres celestiais. Rogels não gostava quando ela ficava na igreja por muito tempo, ele repudiava anjos, mas pelo amor da amada aceitava que ela fosse ir à igreja.
Chega então o sai do casamento, a cidade inteira era festa, era um casamento de juramento e promessa, devia ser cumprido. Mas ninguém imaginava que seria o fim de Lúcia. Todos na igreja só faltavam à entrada da noiva. Chega Lúcia linda em um vestido branco como asas de anjos, ela estava majestosa. O casamento já ia começar, mas surge uma mulher trajada de preto, asas negras, era o Anjo da Morte que Lúcia tanto visitava escondida na igreja. Antes que houvesse algum balburdio o Anjo Khell fala que veio levar o prometido a ele e castigar o traidor de sua amizade. Ninguém naquela igreja entendeu o que o anjo queria menos a Lúcia que não aguardava a cobrança de um traidor.
Naquela escuridão e na igreja todos estavam com medo, Lúcia aponta ao anjo o prometido, ele havia feito um pacto do anjo, que em troca da vida devolvida por Rogels, a dele teria que ser tomada, ele quebrou a maldição de dar vida a um ser morte, isso o libertou da maldição de eterno, o que era bom ele era mortal, mas isso custou caro, a sua amada o traiu, ele daquela igreja foi levado, em seu rosto lágrimas de um amor não correspondido escorria, em troca desta ingratidão, em sua amada condenou vida eterna. Lúcia não questionou, não havia em seu rosto resquícios de arrependimento, para ela eternidade não era nada diante de um casamento forçado.
O anjo partia quando voltou-se para todos e a Lúcia disse, você traiu um homem que deu a vida sua, que a amou e protegeu dos inimigos, e a este carinho retribuiu matando-o, não posso arrancar a sua vida, mas lhe deixo a maldição todos aqueles que se aproximarem de você a vida perderá, você será mais sedutora e será minha serva eterna, trará muitas almas para mim. Em desespero ela fica, mas o mau já estava feito, agora era dor e mortes naquela cidade que um dia foi luz.
Lúcia agoniza, todos que ela ama, perdem a vida ao aproximarem dela, ela sente em sua eternidade dor e sofrimento. Perdeu tudo, sua fé em anjos ruiu ao ódio. O seu maior erro foi deixar cordear por um anjo justo e traiçoeiro. O beijo pecado naquela igreja selava a sua maldição.