Eles moravam numa fazenda enorme e viviam da criação de gado.
Era uma família numerosa.
Onze filhos, um pai e uma mãe. Viviam no sertão matogrossense, como fossem bichos, tal era o envolvimento com eles, os bichos.
Os meninos mais velhos ajudavam o pai na enxada, já os pequenos passavam o dia arrumando arte para fazer. Brincavam com tudo que fosse perigo. Acendiam fogueira e jogavam as balas das cartucheiras para ouvirem os pipocos e o desespero da mãe, com medo que uma explodisse na cara de um deles.
Ou então iam brincar no rio, numa corredeira. Lugar perigoso, cheio de trincheiras( galhos, troncos e até árvores enroscadas nas curvas do rio)
Durante as brincadeiras, se esqueciam do bebê.
De vez em quando davam pela falta dele, o menorzinho, que na época tinha apenas um ano. Aí era pânico total. Não pelo irmão desaparecido, mas, pela surra que tomariam caso o irmão sumisse...O corre corre era muito louco...Todos mergulhavam ao mesmo tempo.
E gritavam seu nome, como se ele pudesse responder.
E lá estava o bebê, no fundo do rio!
E tinha um outro menino, na época com seis anos, que gostava de brincar com um jacaré.
E tinha um outro menino, na época com seis anos, que gostava de brincar com um jacaré.
O menino era alucinado pelo bicho. Ia todos dias para o mesmo ponto do rio esperar pelo jacaré.
E assim, desenvolveram uma relação estranha.
Olhavam-se fixamente nos olhos e em poucos segundos o jacaré abria a boca e o menino ia sendo atraido por ele. Ia chorando e se agarrando na relva. Mas ia!
Era tão grande o esforço para não ser comido, que ele as vezes gritava enquanto se aproximava da boca enorme. Aí, sempre aparecia alguém e o salvava.
E no outro dia, lá estava ele novamente caminhando e chorando na direção do jacaré...
Era uma atração estranha. O menino tinha medo, mas não o abandonava...
E o bebê, sempre no fundo do rio!
E o bebê, sempre no fundo do rio!
E assim passaram os anos, até o dia em que a família se mudou para a cidade.
E todos comentam até hoje, aquela atração fatal entre o menino e o jacaré.
Seu nome não importa, pois com certeza ainda vive e não iria gostar de ver a sua história sendo contada de boca em boca. Até porque, isto também o faria lembrar da enorme boca do jacaré...
Ah, vou contar sim!
O menino se chama Alfredo...Hoje, com sessenta anos!
Ah, vou contar sim!
O menino se chama Alfredo...Hoje, com sessenta anos!