Suave Melodia
Ele caminhava pela praia com os pés descalsos sentindo o suave beijo das ondas. O sol cobria-lhe o corpo e pedia-lhe gentilmente que tirasse a camisa branca com um lindo Cristo Redentor desenhado nas costas. Assim o fez, mantendo somente a bermuda estampada. Suava. Começava a sentir vontade de voltar para casa. Inesperadamente, ao aproximar-se do Arpoador, percebeu que havia uma música no ar. Naquele momento, não conseguia reconhecê-la, mas gostava daquele som. Ficou mais calmo, olhou para as pedras e viu uma mulher. Uma jovem, sentada sobre uma canga florida, admirando o mar. Usava um vestido rosa, bem clarinho, solto no corpo e só um pouco acima dos joelhos. Os cabelos soltos pareciam incensar toda a praia com um perfume único. Era ela! Não precisava mais do que aquela visão para saber que era ela. O cansaço sumiu. Correu e chegou às pedras sem ofegar. Aproximou-se.
Pensou em tocar-lhe o ombro. Recuou. Ela percebeu e virou-se. Constrangido, ele balbuciou um “Me desculpe!”Ela sorriu. Também sabia que era ele. Ele abaixou-se, sem desviar seus olhos dos dela. Afastou um pouco uma mecha castanha do perfumado cabelo daquela bela mulher. Neste momento, o silêncio dos lábios exaltava os gritos dos corações. Tinham a certeza de que encontraram, um no outro, o que sempre procuraram sem saber. Não há nada que traduza a felicidade que os dois sentiram naquele momento. Beijaram-se! A música que pairava por toda a praia começou a aumentar, perturbando o rapaz. Ele abriu os olhos desesperado, desligou seu rádio relógio e reclamou: “Ainda vou perder a hora por causa desses sonhos! Tudo por causa dessa música que eu escolhi!”
Levantou-se e seguiu sua rotina matinal, enquanto a suave melodia de seu rádio relógio voltava a tocar.