Geórgia
Geórgia, uma mulher muito bonita, muito sedutora, impressionava com sua postura máscula, bebia de tudo e com todos. Todas as noites era a alegria dos olhos para muitos amantes da noite. Fumava todos os cigarros de quem estivesse por perto e até de quem passava. Entrava nas favelas a qualquer hora do dia ou madrugada. Tinha passe livre de consumidora em qualquer bar, boteco ou boca. Dançava, cantava e encantava com sua beleza e desprendimento. Nos carnavais era a própria louca, carnavalesca embriagada e mascarada. Uma certa noite conheceu um rapaz tímido que muito raramente freqüentava as noites e bares da cidade. Sempre sozinho, falava pouco e tinha muito poucos amigos. Bastaram quinze minutos de conversa com o rapaz e Geórgia viu seu mundo insano desabar frente aos seus olhos. O rapaz de voz calma e vagarosa provocou em Geórgia uma espécie de choque que se estendeu por todo o seu corpo e alma. Aquela noite foi a última noite de Geórgia nas baladas da cidade. Nunca mais foi vista em qualquer bar depois desse encontro. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu, o que o rapaz lhe disse aquela noite, só se sabe que os dois moram juntos a alguns anos e teem uma filhinha muito linda.
Da música de Marco Pólo (Ave Sangria) “Geórgia, a carniceira dos pântanos frios das noites de teu satã. Jogando boliche com as cabeças das moças mortas de cio. No levantar das manhãs de abril, solar.“
Charles Silva