O poder dos mares

O brilho dos seus olhos fazia lembrar a plumagem azul de uma ave tropical. Atraía irresistivelmente, fazendo esquecer o perigo da proximidade. Ela lançava-se assim

nos braços líquidos daquele que poderia se transformar de pássaro incólume a uma besta selvagem, deixando-a imersa numa agonia de prazer sem limites.

Deixava-se levar como uma simples pena ao sabor das ondas, que a arrastavam para longe da serenidade e a faziam mergulhar na tempestade dos sentidos.

Ele, Poseidon, deus dominador, forte, implacável, o senhor dos mares e oceanos, que a submetia a todas as paixões que afloravam em emoções. Ela, sereia delicada, que na sua fragilidade se tornava forte no poder que detinha sobre ele. Um poder secular que havia atravessado o tempo, a terra e os oceanos. Um poder que se concentrava em cada mulher que subjugava um homem com sua ternura e seu amor.

E ele, mesmo poderoso, sucumbiu à delicadeza dela e apaixonou-se perdidamente.

Derramou lágrimas de amor que fizeram crescer oceanos e ofereceu-lhe o seu reinado para ela governar.

A sereia aceitou, enamorada da sensibilidade que o dominou ao fazer-se seu.

Então envolveram seus dedos nas algas do tempo, as emoções foram guardadas juntas num baú, no fundo do mar.

Ali permanecem até hoje, amando-se, numa fusão sem igual, a paixão da sereia e o encantamento de Poseidon...

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 09/03/2007
Reeditado em 09/03/2007
Código do texto: T406824