Lembranças de Paulo de Corin
Que lindo L'amour, me lembro como se fosse ontem, os meus tempos de boemia romântica pelas margens do Rio Sena em Paris, recitando passagens de Goete e Victor Hugo, Castro Alvez e Alvares de Azevedo, aos flertes com as belas damas nas ruas da cidade luz... Mas nenhuma se compara a tal formosa dama que conquistou meu coração em uma bela noite em um baile qualquer de minha juventude a muito já ida e esvaída pelos ventos que sopram inevitavelmente sobre as pessoas, derrubam as velhas folhas desnudando os galhos de nossas vidas...
Oh que linda mulher aquela, belos cabelos negros, olhos negros tão quanto a noite sem lua, sob as nuvens de uma tempestade que se aproxima lentamente, olhos como fendas distantes, poderia até dizer que guardavam uma certa dose de tristeza em sua pessoa, mas, não a conhecia para discernir tais coisas, talvez fosse produto de minha mente já alterada pelos ânimos daquele baile e pela presença dela ali; esta dama iindubitavelmente, era a mais linda do baile no qual estávamos, perguntei ao Azevedo, um amigo que conheço desde criança que estava a me acompanhar quem era ela:
-Quem é aquela?-.O meu amigo respondeu
- Aquela é Jasmim, sobrinha do Dom Pascoal, chegou a uma semana, da Europa; parece que estava lá visitando parentes, não se lembra dela Paulo? Na missa passada, ela estava lá, até te mostrei ela.
-Sinceramente não, estava ainda embriagado pelo vinho da noite anterior, ainda me lembro da dor de cabeça que tive, eu me admiro o senhor não ter tido ressaca aquele dia.
-Pois devia se lembrar senhor Paulo, ela não é uma pessoa para se esquecer assim tão fácil.
-De fato, de fato, pegue mais uma taça de vinho para mim, Azevedo, faça-me este favor?
-Esta bem, mas, não faça nada que se arrependa depois.
-Ora, ora, pare de choramingar igual a uma criancinha, o que eu poderia fazer? Aquilo no outro dia foram os rapazes que me empurram para aquilo, não tive nada a ver com aquilo.
-Não sei, mas, mesmo assim, nos colocou entre alguns problemas caro Paulo. Não Há de se fazer novo, Não Há!...
Azevedo virou as costas e sumiu no meio dos jovens que ali estavam, resolvi ter uma palavra com ela. Jasmim, realmente um belo nome para flor a mais bela dos jardins do mundo, creio que nem as mais ricas rainhas da antiguidade poderia ser mais bela que esta que estas aqui em minha frente, e que flor que estava que eu encarava, lindo vestido, um vestido da cor azul, mais lindo que o próprio céu eu acho que os próprios deuses a vestiram daquela maneira, ou ela era uma deusa? Se não a fosse a perfeição que ela carregava estava muito próximo de ser .
Me aproximei dela, que bela, que bela, belíssima,há existir alguma palavra além de belíssima que poderá representar tal momento? ....
- Olá cara dama, me daria a honra desta dança?
-Sim caro cavalheiro.
A tomei pelos braços e a levei pelo salão, ela perguntou meu nome, eu disse que me chamo Paulo Corin, perguntou-me também o que me fez a tirar para dançar dentre tantas outras belas mulheres ali no salão. Disse que ninguém no salão estava aos pés dela ou ao menos comparável a beleza que ali estava. Dançamos a valsa que tocavam durante algum tempo, realmente ela tinha uma maestria incrível com os movimentos, se movia de tal maneira majestosa que parecia que havia um anjo em meus braços, uma suavidade, uma... não acho as palavras para descrever esta dança na qual eu a conduzia pelo salão, perdemos a noção do tempo nestes instantes, uma hora era um minuto.
O relógio já marcava cerca de 1 hora da madrugada, ela disse que havia de ir embora, pois já se atrasava, o tio a disse que era para estar em casa, antes das uma, caso contrario nunca mais sairia novamente.
-Você tem companhia para ir embora cara Jasmim?
-Minha prima esta aqui, irei com ela para casa, o nosso coche esta esperando lá fora..
Me inclinei para poder dar um beijo nela, naqueles belos lábios vermelhos, fugiu de mim, com movimentos dignos de uma gata que se movimenta para escapar de algo que lhe ameaça-se, com um belo movimento, certeiro. Me despedi dela e disse até outro dia bela... ela se virou para mim e disse:
-As águas do rio não são tão frias quanto parece-.
Ela disse isto com um ar de desanimo e melancolia e ao mesmo tempo resoluta em algo que talvez fosse fazer, mas, isto não me dizia nada do que a noite guardava para ambos. Azevedo havia desaparecido. Por onde andará este velho velho gatuno? E nem me apareceu com o meu copo de vinho para brindarmos ao deus Baco, que sem ele o vinho não existiria, vinho que bebida mais bela ela não é? Como esta em Provérbios 31:6 “Dai bebida forte ao que está prestes a perecer, e o vinho aos amargurados de espírito.” Já que estamos todos amargurados por algo, por que não nos aquecer o espirito com um pouco de vinho?
Na republica em qual morávamos, dormi logo que me deitei, tive um sonho com a Jasmim, sonhei que ela corria alegremente por entre lindos campos sorrindo alegremente, eu apenas a observava de uma ponte situada a alguma distancia do nosso prédio, ela se aproximou da ponte da qual eu estava, olhou fixamente o rio lá embaixo, sorriu a mim e disse algumas palavras que hoje eu lembro claramente.
-Nem toda a vida é feita para ser vivida, em sim sofrida de maneira insuportável.
Logo após tais palavras, ela subiu no parapeito da ponte e caminhou como um anjo, se deixou cair com um sorriso estampado, as suas faces brancas resplandecia uma paz que até mesmo no sonho ou pesadelo não sei era incrível, tentei segura-la, não pude fazer nada para evitar. Acordei sobressaltado no instante que ela tocará a água, estava empapado de suor. Creio que foi aquela cerveja que havia tomado antes em uma bodega que fica abaixo do nosso quarto, a baderna dos bêbados ainda era alta, risos e musica logo abaixo do nosso quarto, Azevedo já tinha chegado dormia estirado no chão nem sequer tirou as suas botas, usava alguns livros de travesseiro, e uma sobrecasaca como cobertor, um outro estava lendo ainda em uma outra cama, um velho livro, ele apenas olhou para mim, perguntou se eu estava bem, balancei a cabeça cabeça em sinal que comprovação e voltou a ler.
Voltei me deitar novamente um pouco depois, sonhos turbulentos durante o resto da madrugada, sempre com este calor maldito que aqui se faz, acordei logo com os primeiros raios de Sol, a baderna já acabará bem antes, os últimos Boêmios indo em bora. dormirem e os trabalhadores já em pé, peixeiros gritando na rua, e alguns comerciantes também gritavam sobre seus produtos na rua.
Me levantei, lavei o meu rosto, e fui para um café próximo comer algo. Ali alguns homens que se preparavam para ir trabalhar, comentavam, atônitos os fatos da madrugada. Eles falavam de uma jovem que havia pulado de uma ponte. Quando ouvi aquilo, senti um calafrio percorrer pelo meus ossos e meu corpo. Temi que tive-se sido a Jasmim tal como no meu sonho que tive...
Perguntei aos homens quem era a jovem que havia feito isto, não souberam me responder, apenas me disseram que ela estava voltando de um baile, e pediu para parar os cavalos do carro sobre uma ponte aqui próximo as noticias que chegaram a qui diziam eles que ela desceu olhou o rio la em baixo e se atirou para a morte. Aquilo me causou uma dor que me penetrou a alma de tal forma, que é até é difícil de explicar tal sentimento, precisava saber se era verídico a historia que aqueles homens ali falavam, fui correndo para a casa do Dom Pascoal, foi um caminho extremamente longo, o calor que já se fazia logo aquela hora da manhã era infernal, vertia suor de meu corpo, creio eu que o inferno não seria tão diferente assim, o peso que eu carregava em minha alma era um fardo incrivelmente pesado.
Na frente da casa do Dom Pascoal, uma infinidade de pessoas de todos os tipos, desde vagabundos a pequenos burgueses e até algumas pessoas de importância para a sociedade da cidade aquela época, se amontoavam ali na frente, crianças com os olhos curiosos olhavam para aquilo, o olhas dos adultos era igual destas crianças ali, as conversas que escutei de relance já estavam anunciando aquilo que eu temia e esperava, perguntei a um sujeito que ali estava, o que havia ocorrido, ele me disse que parecia que uma mulher desta família havia se jogado no rio esta noite, aquilo foi um baque para mim, e se fosse Jasmim? Oque eu iria fazer?
Havia ali, um oficial de policia para qual eu perguntei o que havia ocorrido, pois eu precisava ter uma certeza do ocorrido, disse ao oficial que era amigo de uma jovem da família, o homem me deu a a noticia que eu esperava e temia.
-A jovem sobrinha do Senhor Pascoal pulou da ponte, esta madrugada logo após um baile em que estava com a pri..
Mal ele havia terminado de falar, tudo se tornou negro para mim, cai em uma espiral de nebulosidade totalmente envolto em uma nevoa que me consumia friamente, perdi noção dos meus atos, caminhei freneticamente pela cidade, tudo perdeu sentido, o sul virou norte, o leste virou sul, em cima virou lado, etc etc. Estava na mesma ponte que ela e do meu sonho, já estive ali antes em outras ocasiões, fiquei olhando o rio lá embaixo, tão profundo e tão lindo aquele rio, algo me chamava para lá, subi no para-peito da ponte, senti a brisa daquela manhã quente no meu rosto, a brisa estava fria, me refrescava enxugando o meu suor como se fosse a primeira vez que eu senti-se tal regalia, me senti pesado, cambaleei como um ébrio na madrugada depois das pandegas, iria me atirar a água do rio que corria perante a minha pessoa, senti algo me puxando e me jogando contra o frio chão, a voz estava distante mas, a escutava claramente varias pessoas falando em minha volta.
-Oque você esta fazendo seu boçal?
-Ele iria se jogar eu acho.
- Esta ponte é amaldiçoada...
-Temos que benzer ela...
Voltei a mim, Azevedo estava ali, me carregando nos ombros.
-Ponha-me no chão seu bastardo, achas que sou um saco de batatas para me carregar assim?
Disse para ele, com uma certa autoridade, ele me pos no chão,ainda estava tremulo, pela noticia, no entanto, racional o suficiente para perceber a burrada que eu estava prestes a consumar com a minha vida, um ato inconsequente, por minha parte, um tanto quanto tola mas, a lembrança da bela Jasmim, seria eternamente viva em mim... Nunca conheci mais bela mulher, em toda a minha vida. Talvez seja por isto, que eu nunca me casei com ninguém, e nem me interessei da mesma maneira, apenas tive minhas aventuras, pela cidade, e pelas terras nas quais eu andei.
Pois bem, caros leitores esta é uma das historias de minha juventude, talvez a unica que tenha valido a pena transcrever para a suas pessoas lerem, e terem as suas próprias conclusões perante o meu ato. Realmente Jasmim, vocês deveriam ter conhecido, foi apenas algumas horas para mim, mas, o suficiente para me deixar com um peso na alma por eu não ter poder para fazer algo que pude-se fazer algo, mas, eu ainda penso sobre aquele sonho que tive naquela madrugada do fato, sera que tive alguma ligação com ela? Será que ela estava pensando em mim na hora? Perguntas que não saberei as respostas, talvez apenas quando o anjo da morte me encontrar em qualquer lugar e me abraçar, espero que seja belo o anjo, pois não quero deixar este mundo, olhando para alguém horroroso, já basta eu me olhar no espelho.
Dormirei um pouco agora, já choraminguei demais para uma noite, apenas choramingos de um velho, espero sonhar com ela novamente esta noite, boa noite a todos.
Ass. Paulo Samuel de Corin.