O BAILE FEDORENTO

Certa feita fomos nos apresentar em um baile do chopp num CTG, centro de tradições gaúchas,lá pras bandas da serra.A kombi ano 67 não aguentava mais carregar nove músicos com os instrumentos musicais no bagageiro, por aquelas estradas sinuosas de terra batida. Quarta marcha nem pensar pois na subida tínhamos que empurrar pela falta de força, na descida segurar pela falta de freios.Descíamos uma coxilha quando vimos três gringos caminhando pela beira da estrada. Um levava o machado ao ombro,o outro uma foice e o terceiro tinha uma espingarda.Dilson e Eden eram muito maloqueiros,disseram as piores ofensas possíveis aos homens. Após a descida veio outra subida,o carro engasgou e morreu,sem bateria para religar o motor.Ninguém ficou no veículo,fomos nos entocar no mato durante a passada dos colonos,que foram embora quietos e na paz.Acho que nem entenderem bem as frases proferidas.Paramos já na cidade num posto para reabastecer e lanchar.Um cartaz na parede da lancheria dizia: CPM É proibido fornecer bebidas de álcool aos Índios:Multas e Interdição! Chegamos ao local;chovia muito aquela noite,algumas pessoas chegavam ao baile de trator ou galochas.O salão tinha sido adaptado de um cinema sem janelas. O assoalho era em forma de rampa,a frente mais alto que os fundos. Os dançarinos esforçavam-se para ficar bem distribuídos na pista mas não tinha jeito e acabavam embolados próximos ao palco;ou quando não estatelavam-se ao chão.Embaixo do palco era a copa e a cozinha,ao lado o berçário,o toalete e os banheiros femininos.Por uma porta lateral e por um facho de luz ia-se às latrinas escuras às necessidades masculinas. Alguns maus colegas desleixados e preguiçosos resolveram urinar bem no canto do palco atrás da tela de cinema que ficou,pra não saírem na lama. Deu o maior conflito que já vi.Subiu ao palco uma mulher gorda de trunfa na cabeça e um homem magro de bigodão gritando:Vocês estão urinando nos meus pastéis,terão de pagar pelo meu prejuízo,vou jogar tudo no lixo. Eu tive um acesso de risos, não conseguia executar o instrumento pois a imagem era inusitada.Vocês já viram um casal de colonos italianos rudes? Na serra o inverno é de lascar e o verão é de torrar,clima perfeito para o alto consumo de bebidas.A furiosa seguia agradando tocando ritmos bem alegres pois não há escrete ruim em baile de chopp.Só no sangrar de um barril e o tombo de um garçom já era uma comemoração para a gringada! Lá pelas três horas da madrugada a furiosa fez um intervalo e os homens foram drenar.Logo no reinicio do baile notamos que a pista meio esvaziou. De repente entra o patrão,o presidente,pela porta lateral,em um terno de linho branco com chapéu panamá e lenço vermelho.Com dois revólveres à mão deu um tiro e gritou:Para o baile! Sem entender paramos de imediato. Ele subiu ao palco e começou sua ladainha dizendo:Somos uma sociedade de gente honesta e honrada. Vivemos aqui com trabalho e dedicação.Não admitimos pessoas de má conduta ou vandalismos e isso não ficará assim. Sem nada entender perguntamos ao seu auxilhar o que houve? Disse-nos: Uma turma de brigões foi impedida de entrar hoje,então para vingarem-se resolveram mudar as latrinas para trás das covas ocasionando as quedas. O baile acabou cedo pela falta de quórum e na perseguição aos vândalos! Aceito comentários

Bronquinha
Enviado por Bronquinha em 01/01/2013
Reeditado em 26/01/2015
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