O gato endemoniado.
O GATO ENDEMONIADO.
Conto. Honorato Ribeiro. [História contada por dona Gertrudes].
Vivia um casal, num sítio, de sua propriedade, divinamente bem, amando-se, e respeitando reciprocamente um ao outro. Vivia numa verdadeira harmonia. Era realmente feliz. Parecia que ainda vivia como dois jovens namorados. Não tinham filhos. Vivia um pelo outro. A esposa dedicava aos trabalhos de casa, ajudava o marido no labor da roça. Eram independentes. Ele, o marido, viajava bastante para a cidade vendendo seus produtos da roça e com o dinheiro comprava o que necessitasse em casa.
Certa vez, apareceu um gato, não se sabe de onde veio, e eles concordaram em pegá-lo para criar, uma vez que não tinham filhos, seria mais um preenchimento de mais um em suas vidas. O gato gostava de ser mimado o que não faltava ao seu Genésio para dar-lhe todo o carinho necessário. Seu Genésio ficou amante do gato. Todas às vezes que ele viajava falava para sua mulher cuidar e zelar bem do gato. Mas, quando ele viajava, o gato ficava estranho: não queria comer, beber água e fugia de dona Margarida, como se ela o maltratasse ou era um assombro para ele. Fugia para o mato e só aparecia em casa quando o seu Genésio chegava. O gato se apresentava magro, feio e miando fraco. Seu Genésio, quando viu o gato daquele jeito, como um faqui, perguntou a mulher: O que aconteceu com o meu gatinho, Margarida?! Olha o estado deste gato! Você não está cuidando dele! O que aconteceu?
-Quando você saiu, Genésio, ele ficou bravo e fugiu de mim. Quando eu botava a comida para ele. Corria feito um louco e se escondia no mato. Eu não tenho culpa nenhuma. Quando você acabou de chegar, ele apareceu deste jeito. Eu não tenho culpa nenhuma se o gato não gosta de mim.
-Pois é. Da próxima vez que eu viajar e você não tratar bem de meu gato, e eu o encontrar desse jeito, eu lhe mato. Pode escrever o que estou lhe dizendo. Eu lhe mato.
O seu Genésio viajou e tornou encomendar a ela cuidar bem do gato. O gato repetiu as mesmas diabruras de sempre. Não quis comer, beber e fugiu para o mato. A dona Margarida ficou apavorada e cheia de medo, pois, o marido prometeu se não cuidasse de seu gatinho bem, ele a mataria. Quando o gato fugiu, ela entrou em pânico e chorou como quem perde uma pessoa querida. Já estava imaginando em sua mente a desgraça que iria acontecer, quando o marido chegasse. Mas acontece que, quando seu Genésio ia a cavalo, parou debaixo de uma gameleira para fazer o lanche e dar descanso ao cavalo. Marrou o cavalo estendeu a rede e depois do lanche Ele deitou para descansar. Já em sua madorna e um sono leve ele escutou vozes em cima da copa da gameleira. Alguém como um presidente de uma sessão bateu o martelo e disse: “Você lá o que me apresenta dessa vez?
-Eu conseguir incutir um jovem a beber cachaça e espancar sua própria irmã.
-Muito bem. Boa ação...
E você lá? O que tem a dizer.
-Eu fiz um jovem viciar em maconha e agora se transformou em um assaltante.
-Muito bem.
-E você lá?
Eu estou tentando desunir um casal que vive muito bem; é que eu me transformei em um gato e eles me pegaram para criar. Acontece que o marido apegou-se comigo de tal maneira que parece que sou um filho mimado dele. Mas, quando ele viaja eu recuso comer e beber e fujo para o mato e só chego quando ele chega. Ele me ver magro e miando fraco; ele fica revoltado com sua esposa. Agora ele viajou e prometeu, quando chegar e me encontrar franzino e magro ele matará a mulher.
Houve aplausos eufóricos e muitas palmas; foi naquele momento que seu Genésio assustou-se da visão e se levantou às pressas. Arreou o seu cavalo e voltou para casa. Chegando lá, dona Margarida, sua esposa, ajoelhou-se aos pés do marido e disse-lhe:
-Marido, você pode me matar, pois o seu gato fugiu, quando ele aparecer aqui é magro de fome. Você não acredita em mim, mas eu estou dizendo a verdade.
O marido calmo disse a ela: Levante, mulher, não vou lhe matar. Que é do gato?
-Olhe ele ali!...
O gato se apresentou feio, mais que as outras vezes, e magro miando baixinho que quase ninguém escutava. Seu Genésio se apoderou de uma travanca e enfiou no gato para o matar. O gato deu um pulo bem alto se esquivando da pancada e no mesmo tempo explodiu como uma bomba dando um miado esquisito e sumiu. A casa invadiu num cheiro de enxofre forte que ninguém suportou. Seu Genésio disse para a sua esposa.
-Mulher, aquele gato era o satanás que queria a nossa infelicidade. Eu que lhe amo de verdade estava sendo iludido pelo amor de um gato satânico. Agora vamos rezar e agradecer a Deus por ter me avisado, perante da loucura que eu iria fazer acreditando num simples gato. Ele contou à mulher tudo o que tinha ouvido na copa da gameleira. Depois de ter contado a visão que ele tinha tido, na copa da gameleira ele disse à sua mulher:
-Vamos viver em paz com harmonia como sempre vivemos e orando bastante, a fim de a gente poder viver em paz com Deus. O demônio sempre atenta quem está bem com a vida.
hagaribeiro.