Em um trem

Chega a noite, e, com ela, o apito destemido do trem. Dele, desembarca uma mulher, com seus negros cabelos incomuns, banhados pelo sereno. Seu rosto, de traços inconfundíveis, não esconde que é madura o suficiente por aprender com as peripécias da vida. Com a sua aproximação, levou embora o frio e a insegurança que insistiam em permanecer. Mesmo de longe, meus olhos insistem em buscar os seus, encontrando todos os mistérios neles aprisionados. Com apenas simples palavras, consegue amansar até mesmo os piores monstros que vivem em mim.

Sinto-me desprotegido quando abro os olhos e não vejo sua imagem em minha frente. Em tão pouco tempo, ela me ensinou o verdadeiro sentido de gostar de alguém. Bagunçou o sentido de “felicidade” em quem a observa, sempre com um lindo sorriso em seus lábios de mel e sua disposição para auxiliar quem for, mesmo sem saber das dores que levam em seus interiores. Seus segredos movem corações sedentos por uma aventura, mesmo que ela nunca exista.

Não sei se tudo isso é algo de minha imaginação ou se é real, mas não gostaria de despertar. Entretanto, o passado bate à porta, feito alma penada, para lembrar-me de que tudo pode não passar de nada. Já está chegando a hora, o trem de partida se aproxima. Desculpe-me se transpareci não lhe entender neste curto tempo. Caso tenha de partir para ser feliz, eu entendo. Os ponteiros do relógio já não fazem nenhum sentido para mim, não consigo mentir. Por favor, não se vá...

Aldir Junior
Enviado por Aldir Junior em 21/12/2012
Código do texto: T4047620
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