Só mais um pouquinho.

Ela estava ali, sentada e decidiu fazer algo diferente, então o procurou

e conversou, na realidade ele sempre tinha o dom de aparecer das cinzas,

como diz o ditado, some quase praticamente desaparece de sua vida

e quando ela menos espera ele vem com um "oi"não é que ela não goste

mas ela espera tanto para que isso aconteça, que interfere no sentido de ela

focar em algumas coisas.

Ela se desespera e se reconcerta no mesmo instante em que se sente ofegante

só por imaginar que ele vai se aproximar, outra vez, talvez!

Acontece então tudo diferente, novamente acredita?

Não é que ela queira sempre acreditar que alguma coisa vai mudar

Até mesmo porque, cansou de fazer planos, rasgar os panos, mudar

o rumo e o consumo de tudo aquilo que a faz sentir melhor.

Não é que ela queira decidir algo que seria, sem antes saber o que realmente vai acontecer

talvez isso seja fé, ou pensamento positivo como você queira chamar.

Tudo andava bem, as coisas tinham se resolvido, ela tinha se ajeitado e estava mudando

quando ela tem a péssima idéia de dar conversa mais uma vez, pra quem tem

o talento de deixá-la na fase ‘’ cabeça de vento “.

Como assim ela não consegue mais pensar em nada e se sente encurralada,

é um oi apenas! Infelizmente, temos o grande dom da imaginação...

Ela já pensou lá na frente, qual seria a desculpa de sempre , mas não

essa noite foi diferente, ele concordou em sair de casa e encontrá-la

ela se precipitou e arriscou medos e sonhos.

Uma da manhã, ela correu .. cantarolou versos perdeu até a chave..

Em frente ao espelho imaginava 1001 situações, e odiava sentir o coração pular, olhou varias vezes para o cabelo que ele

disse que estava bonito à semanas atrás quando viu uma foto dela com um novo corte.

Passou o seu perfume favorito, e saiu com o cheiro da felicidade

com a maquiagem da verdade.

Ela conseguia enganar quem fosse, com seus truques e golpes,

era boa de papo, tinha dificuldade em falar mas quando começava sua maior dificuldade

Era se calar.

Perto dele é diferente, ela esperou o telefone tocar, e dessa vez não saiu correndo se olhou mais

uma vez no espelho, abriu a porta respirou fundo e pisou em ovos.

Mas foi como se o mundo estivesse acabando e nada mais estivesse a sua volta,

ela se importou apenas no que ele diria quando abrisse a porta do carro.

Aquela cara de sono, de um menino talvez insano, com o mesmo sorriso

o mesmo jeito que a deixa babando.

Seu coração tremia, pulava, na verdade ela não sabia

procurava não se mexer mas insistia em não demonstrar, por medo de parecer

tola talvez, louca não sei.

Ela ouviu mais do que falou, ou pelo menos tentou quando ele se calou ela insistiu

e reformulou perguntas, questões nem tanto apropriadas mas afinal seis anos

não são assim, pra esquecer ou apenas deixar ser né, ela perguntou ele contou

E vice-versa assim foi fluindo a conversa.

Sonhos dele, que ela conhecia desde o primeiro instante que o viu, ele gostava de

Carros e tudo que envolvia isso, até mesmo os desenhos que ela adorava ver e antigamente

como ele sorria e se sentia orgulhoso dos seus desenhos, é pois é o tempo

passou ela partiu, e desde então não teve muitas noticias, exceto conversas

na webcam algumas trocas de sms, de mensagens no MSN no face e por ai vai,

raramente se falavam, e dificilmente concordavam em algo.

Era difícil dizer sim, e mais difícil ainda dizer não quando a questão era

qualquer coisa que envolvesse o amor da sua vida.

Pois é, nessa noite ela o encontrou após quase cinco meses.

Conversas, risadas, agora a vida mudou o assunto foi mais pro lado da faculdade

do trabalho, dos planos e algumas coisas com um tom um pouco mais sério

que o de antes que era mais frufruzinho, ambos cresceram e amadureceram

em muitos pontos. E esqueceram de muitos outros, e numa madrugada qualquer

então, só por não ficar em casa e por questão de companhia talvez ou alguma

vontade recolhida desde a adolescência ou não.

Carência afetiva ou sei lá eu o que!

A questão é, decidiram descer pra praia! Pois é, ela teve vontade

perguntou e ele aceitou.

Se tem alguma coisa que consegue acalmá-la quase que instantaneamente seria

pegar a estrada de madrugada e ainda sim descer a serra numa velocidade

que poderia ter sido bem mais alta, só queria que ele dirigisse

mais rápido, pra que ela pudesse se sentir de alguma forma um pouco mais viva.

Na verdade ela ama tudo o que pode fazê-lo feliz, ela tenta desde sempre

achar um argumento pra um oi, um papo, um sorriso e por ai vai, o que importa

é que de alguma forma ele ainda pode dizer pra ela que quando escuta

a música tal, lembra que aquela é a musica deles.

“você me faz tão bem, você me faz..” era essa!

Eles desceram conversando, falando sobre carro, sobre aulas e planos

ela ria, ele a abraçou e nessa mesma hora o coração dela desparou

e ela sorriu como se nada estivesse acontecendo, como se a sua alma e seu corpo

não estivessem fervendo.

Uma mão no volante e outra no seu ombro, ela se sentia segura protegida

E nada mais importava pra falar a verdade.

Ela fazia carinho na sua nuca e ele dizia que aquilo era bom,

na verdade são momentos que ainda não tínhamos experimentado juntos.

Era bom poder acreditar, que por um dia, por uma noite apenas

mas pelo menos existiria mais uma história pra ela lembrar quando pensasse nele.

Litoral, vento e risadas talvez, um pouco de frio mas nada que os abraços

não esquentassem, não escondessem.

Ela nunca imaginou estar ali, sentada na areia da praia, ouvindo o som do mar

E o silêncio da noite, silêncio que a permitia ouvir o coração dele batendo.

Silêncio que deixava tudo tão quieto e estranho que ela sentia vontade

de sair correndo.

Mesmo sendo estranho e sendo a primeira vez, que os dois ficavam juntos assim pra valer

foi bom, poderia ter sido melhor se ela não fosse tão medrosa.

Ela molhava os pés na água morna, e ele a segurava pela cintura,

ela sentia seu corpo suando, e ele não demonstrava ternura.

Ele era forte, ele era único, ele era o dono dos seus pensamentos,

o sorriso mais lindo e o melhor beijo também eram seus.

Quando ela o beijava, se sentia nas nuvens, esquecia de tudo

seu cheiro, seu cabelo de pelúcia, seu abraço, seu jeito.

Jeito esse de menino homem, jeito de alguém que sabe o que quer

mas que chega de mansinho, a fofura escrita em forma de pedra talvez.

Areia e risada, vontades ilícitas e loucuras proibidas.

Todas elas foram sucumbidas.

E depois de tudo, com tudo o que ela menos desejava era levantar de onde estava, ali deitada era tão bom abrir os olhos e estar usando ele como travesseiro no momento, seu quarto, sua camiseta, sua calça ela de ele e pensando nele, apenas sentindo o seu corpo tremendo por dentro, naquele furacão de perguntas sem respostas e respostas sem perguntas o seu maior medo era sair dali, porque tinha até então algo palpável nas mãos.

E ao sair dali, ela não sabia qual seria a questão, enquanto permanecia tinha certeza, mas depois seria algo outra vez incerto, mistério.

Talvez seja isso que a envolve e é capaz de atrai-la pra qualquer sim e qualquer coisa, apenas por estar ao lado dele, simples demais ou complicado demais, a questão é: tanto faz, afinal quando estava ao seu lado tudo desaparecia e só aquele sentimento existia, roubava o fôlego e o mundo, existia só os dois num mundo tão dele que ela se achegava de mansinho pra tentar ter daquele momento, só mais um pouquinho...