Planeta engarrafado.

Estremeço ao ver imagens do mundo- imagens dele em pequenos potes de vidro. Se me filmassem em tal hora, observariam uma lividez nos lábios, no branco dos olhos e até no sangue. Arrepio desconfiança e medo. Arqueio as sobrancelhas e encolho-me até cada vértebra de minha coluna tente fugir pela pele. Crio endechas que perduram no meu tempo, pois quero meu mundo maior. A pequenez e dimensão pequenina da visão interna de mim me assusta a cada dia mais. Me pego olhando para os cantos, como se algo estivesse ali, à espreita, e pergunto-me: é mesmo assim, o mundo? Tão pequeno, tão diminuto? A terra cabe em potes, até em apontadores. Será isso? Essa dúvida cai como uma bigorna. Sigo padecendo de uma osteoporose no espírito, e essa bigorna, de peso pena, não perdoa nenhum osso. Todos se quebraram em milhares, miríades de pedaços. Desintegrada vou sorrindo, e atuando até porque sem um pouco de alguns roteiros até o tempo é capaz de matar. Pense, não estamos vivendo, não completamos anos. Na verdade o tempo está matando, a cada mudança no ponteiro do relógio estamos é morrendo, perdendo anos e respirações.

A vida do jeito que é só é farsa, só uma carapuça de tamanho universal para que cada ser pensante fantoche-se.