O Preço - Cap.2

O som do gatilho foi tão alto para ela quanto a sua vontade de desistir, e logo depois, houve o silencio, estranhou, ela abriu os olhos e seu pai ainda estava na tua frente.

- Mais protetora do que uma arma, é uma arma vazia – Alice sussurrou baixinho, seu pai apenas concordou com a cabeça, pegou a arma novamente e a guardou na gaveta, a arma não tinha balas. Alice só o tinha visto mexendo naquela gaveta uma única vez, mas era tão pequena na época que mal lembrava o motivo.

- Você fez o mesmo silencio do que a sua mãe – Disse Jones, logo após que fechou a gaveta, então ele se virou – Você é muito parecida com ela, sabia? – Alice estranhou, seu pai nunca tinha falado sobre sua mãe.

Clarisse, mãe de Alice, foi uma criança totalmente isolada, sempre dizia que não queria crescer, olhava tudo com surpresa, mesmo a coisa mais cotidiana possível. Na época de escola as outras crianças implicavam com ela por ela escrever partituras na mesa da sala de aula, mas ela não se importava, gostava mais de musica do que crianças. Procurava sentido em tudo, sempre vivia perguntando os “por que”s das pessoas, das palavras, dos motivos, simplesmente para ouvir a tua versão. Trabalhou durante a adolescência apenas para comprar um piano, o qual que aprendeu a tocar sozinha, e foi no trabalho que ela conheceu Jones. Muita dessas coisas Alice só ficou sabendo agora.

- Por que você nunca me contou essas coisas? – Disse Alice, depois de um longo silencio, mas não teve resposta – Por que ela me deixou sozinha? – Disse quase desesperada, tentando roubar alguma atenção do pai.

- Quando você era pequena, ela costumava te deixar em baixo do piano, para poder dormir, para só depois te lavar no berço, você me lembra tanto ela... – Disse Jones, em um tom de voz quase inaudível.

- Ela chegou a cuidar de mim? – Disse Alice olhando para baixo, ela não sabia disto, mal tinha uma imagem da mãe na memória – Pra onde você foi hoje à tarde? Por que demorou para voltar? – Tinha tantas perguntas, que mal sabia por onde começar a perguntar.

Mas assim fazia sentido o seu gosto por piano, a sua facilidade para aprender as musicas, e por se sentir calma com o instrumento. Mas nada explicava o porquê seu pai nunca tinha falado dela antes. Alice sempre pensou que sua mãe a tinha abandonado ao nascer, que não queria cuidar dela, e os traumas de infância com a implicância de outras crianças só fortaleceram essa sua ideia, mas, sua mãe tinha cuidado dela.

- Ela tinha devaneios, e momentos de loucura, igual você Alice – Disse Jones, mas isso não respondia nenhuma das perguntas de Alice, que apenas olhou mais desesperada que o normal para o pai – E ela simplesmente foi embora.

- Como assim foi embora? Pra onde você foi hoje à tarde? – Disse Alice já gritando, queria respostas!.

- Ajuda, fui procurar ajuda – Disse Jones baixinho, mas Alice mal prestou atenção, sua mãe tinha ido embora, estava quase certo que ela foi abandonada.

- O que ela disse quando foi embora? – Alice disse ja desesperada, queria saber se antes de ir embora, ela tinha se preocupado com ela, mas seu pai apenas disse.

- “Lembre-se de mim Jones”, foi o que ela disse.

Nícolas Lúcio
Enviado por Nícolas Lúcio em 10/12/2012
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