Donos da Terra
Donos da Terra
Javé a Moisés: “...Vocês foram infiéis...junto às águas de Meriba...
Você contemplará de longe a terra... Esta é a terra
que prometi a Abraão, Isaac e Jacó... Mas você
não atravessará até a ela...” Dt- 32, 52. 34, 4.
... Moisés e Josué chegaram arfando ao topo pedregulho da montanha. Do topo, sentados à uma pedra, olharam para além do Rio Jordão e viram uma extensa planície, terras que os seus olhos cansados não podiam medir...
Moisés não viu só terras... Vislumbrou a Jerusalém Celeste, nossa morada eterna.
Para ir até a ela... Teria que atravessar o Rio ( morrer... molhar-se nas águas!)... E alcançar a Eternidade!...
Durante a subida da íngreme montanha, Moisés, apoiado no seu cajado, não se cansava de instruir Josué, como este deveria conduzir o povo escolhido por Javé, na posse da terra prometida. “Terra que corre leite e mel”.
Ambos ofegantes pararam no topo da montanha. Sentaram-se e olhando viram,
uma imensidão de terras. Matas, rios, pastagens, algumas incipientes lavouras...
Boquiabertos, ante o esplendor das terras, olhavam. Moisés, sabendo que não iria adentrar à elas, simplesmente olhava e admirava... De repente, levantando-se e apontando em direção à terras grita: “Mas, Josué! Olhe, repare bem! O que são aqueles inúmeros pontos negros e coisas se movimentando na nossas terras... A terra prometida?”
“Moisés, meu caro Moisés! Parecem ser... Sim são pessoas, aos milhares... Também gado, ovelhas, animais domésticos. Os pontos negros são toldos, coberturas de tecidos escuros a cobrirem tendas... As pessoas – homens, mulheres, crianças... Muitos com enxadas, enxadões, facões, picaretas, arados puxados por homens.
Todos trabalhando com entusiasmo incomum... Parece... Não. Estão invadindo, ocupando, tomando posse daquilo que é nosso!”
“Mas as terras. A Terra Prometida, não eram destinadas a nós, o Povo Escolhido?” Protestou Moisés.
Então, o exausto Moisés falou a Josué: “ Tome o meu cajado. Segure-o! Sou um octogenário... Aposento-me! Passo o cargo para você. Daqui para frente é com você. Fico por aqui mesmo. Vou deitar-me aqui no topo da montanha, ficar para sempre, morrer. Venho cuidando desse povo cabeça dura desde a sua libertação do Egito. Passamos 40 anos no deserto; apazigüei vários conflitos, desde os de fé, bem como também os de fome – lembra-se do maná?-,de sede, em Meriba e os de terra... Temos a posse da terra...
Mas tenho ainda que lutar contra... Invasões?
...Contra o MST?
Valha-me Javé””
BNandú 31/01/2010