Conto - O Flautista e a Lacuna.

Ele, 22 anos. estatura mediana. era maior que a média das mulheres daquele lugar. cidade nem grande. nem pequena. tinha de tudo e tinha nada. ainda estava na faculdade mas não sabia se era isso que realmente queria. estava ali por certa obrigação de agradar os pais e porque se distraía. tinha umas meninas gatas que mal lhe olhavam. era um pouco esquisito. só um pouquinho. ás vezes passava por normal, quando olhado de relance. sua roupas era compradas pela mãe. Chata e grudenta. já naquela tenra idade tinha cabelos longos e um rabinho que mais se parecia um rabicho de rabicó. tinha uma barba pouco usual. os bigode se salientavam e se contorciam levemente nas pontas se sobressaindo. ele tinha o costume de enrola-los de maneira meio frenética. fazia biblioteconomia. engraçado e irônico. não gostava de livros e nem de organização. veja bem, não disse que não gostava de ler. lia apenas pela internet. livros de poesias e romances policiais. achava mais fácil e prático. a textura do papel e o cheiro o incomodava. seus olhos já se habituaram a receber o clarão da tela.

gozado, na sua mente também havia um clarão. uma lacuna que lhe dava esse jeito meio anormal. Algo em sua vida estava manco. tinha uma certa inteligencia, uma sagacidade para as coisas que gostava. por exemplo gostava de contemplar o por do sol todos os dia. era uma pintura. a tela era a sua janela. e o sol se pondo entre as brechas dos prédios vizinhos. eram como se os raios lhe implorassem por piedade e clemência todos os dias.

tinha prazer também em tocar flauta. Assim compunhas melodias ocultas e maravilhosas em ODE ao astro rei. ele tinham uma sensibilidade tal que as notas, as claves de sol lhe beijavam vagarosamente os tímpanos nas reticências do oco de sua mente. A lacuna servia de acústica para o estrondo de cada nota musical estatelando no chão de seu ser. Ali elas bebiam de seu néctar sagrado e urgiam em tons lindos e gostosos. rompiam em seus lábios com sopros de gladiadores de balés. neste tocar, naquela hora ele se perdia. ele todo se confundia. não sabia se era ele mesmo ou o próprio maestro daquela sinfonia celestial. era como se as nuvens, os pássaros e a poluição lhe obedecessem.

Era assim sagradamente. e assim foi ficando cada dia mais sensível ao movimento uníssono de tudo que ali se pintava e bordava.

um dia.

acordou.

sensação estranha.

não havia lacuna.

havia uma laguna

que fazia ligação entre o ressoar e o ressurgir. não estava mais se sentindo esquisito. logo pela manhã pegou uma tesoura. cortou os bigodes vivos e o rabicho recalcitrante. raspou a cabeça. sentou-se no sofá durante todo o dia. o gatinho da família lhe fez companhia. fumou. dedilhou a flauta. não a soprou.

esperou o sol lhe dar um bjin. ali estava mais uma vez o quadro feito. estava nu. os pais viajaram. subiu na janela. ele e a flauta. os raios do sol lhe toucaram vagarosamente. assoprou. desta vez não havia regência nem maestro. deu um um passo a frente. Se sentiu o próprio SOl.

Ele, o astro rei chamou para si o filho amado. FIM.

Raphael Prisma Celeste
Enviado por Raphael Prisma Celeste em 06/12/2012
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