É a "criança esperança" que dança
Até chorou um pouquinho, mas logo parou. olha de lado, um suculento manancial dobrado; ao fundo, como de um submundo, vinha algo que não se via, porém se sentia. Entre os nanas de donas Nanás, papinhas e gu-gu da-dás e a vida era pura alegria. Mas, no fundo, do submundo, insistia, aquilo que não se via, mas se sentia. "De repente, não mais que de repente" como Vinícius diria, algo saiu da boca, tentando imitar o que não se via, mas se ouvia. Adeus gu-gu da-dá, e ela falava e sorria. Pouco tempo e o mundo parece um pouquinho distante. Viva! Sou andante! Caminhante! Delirante! Correu para onde se ouvia o que não se via: As Manas, os manos, a mamãe, até a D. Naná, a do gu-gu, da-dá do glúteo gordo e esquisito: Chão! Chão! Chão! O que será isso? Parece um funk-se quem puder! Agora ela via, sentia e ouvia aquilo que, quando nascera, já existia. A coisa penetrava na mente, transmutava-se em sangue, ativa todo o aparato endocrinológico, é lógico...O mundo agora está ainda mais distante, não sou um mero caminhante. Mas o que é isto no meu peito? Protuberâncias precoces? Sim, fruto da ação do que se via ouvia e sentia, gerando fantasia, transformando, transbordando, se aprofundando na alma que não devia; pela endocrinologia, apressando, antecipando, formando, sob comando do que se ouvia. Aquilo que antes só se ouvia, agora, se ouvia e sentia, queimava à revelia. Um pouco mais distante do chão e, chão, chão, chão, ninguém é de ferro. Escola, psicólogo, celular, notebook, amigos, religião, novelas, músicas. Tudo agora se explica...Aquilo que se ouvia mas não se via era só aperitivo, agora sim é a hora da alegria. Mais longe ainda do chão, sobre um caminhão, roupa reduzida, glúteo ainda em formação e...Chão! Chão! chão! Milhares de olhos e desejos lambendo os beiços, miravam o pequeno glúteo ainda em formação, parecia um estranho leilão. Presto, uma ofegante e desesperada festa se desata e toda carne se entrega e esfrega. Três dias e três noites e, um falo solto à deriva, como cobra viva, se esquiva e a encontra não exatamente pronta e apronta...Não se sabia de onde ele vinha e ela nem era ainda uma abelha rainha, mas se não era colmeia era alcateia; mas a coisa ia e vinha, ia e vinha, ia e vinha...E ela, ainda tão novinha, mal sabia que aquilo era parente daquela outra coisa que, quando nascera, ouvia, não via mas sentia. Aquilo que vinha da maninha, do funk-se quem puder, da mamãe, da D. naná e da titia. Acabou a fantasia... Nem rolou a festa imodesta e um novo ser já aparecia pra começar tudo de novo, nas barbas de um povo hipócrita e solto por aí à revelia.