Três anos já se passaram depois do final do ano de 159 D.T. (depois da transição). Nunca esquecerei as imagens reais projetadas holograficamente sobre o nascimento físico do Cristo há mais de 2000 anos A.T. (antes da transição), que vi no historioplasmógrafo do meu tio, que o importara de Kiron há poucos dias. E também ainda não esqueci do visitante de um planeta distante que viera especialmente para assistir à projeção e que ficou maravilhado comigo o tempo todo, me chamando insistentemente de “negro”, “negro”, “negro”. Achei superestranho aquilo. Ele não me chamava pela minha identidade, nem mesmo pela tonalidade da minha aura, mas apenas pela coloração da minha pele, que de fato era a única de cor negra entre os mais de vinte espectadores presentes no ambiente. Depois eu soube que ele era um exilado da própria Terra, que morara nos países nórdicos da Europa nas suas últimas dez encarnações até antes do ano 0 D. T., e que agora havia conseguido uma licença para vir até a casa do meu tio, a fim de assistir à aludida projeção. Estranhei mesmo o fato de, depois de tanto tempo já na Nova Era, alguém ainda se dirigir a outrem a partir apenas da sua cor epidérmica. Coisa antiga, do tempo da Velha Era terráquea. Bem, de qualquer forma ele estava por aqui apenas de passagem. Ainda não ampliou a visão etnosófica em seu novo planeta-estação.