SENTADA À BEIRA DA ESTRADA
Sentada à beira da estrada...
Era linda, maravilhosamente linda, incontestavelmente encantadora e cativante pelos mistérios que seu olhar transmitia; olhar que conseguia atrair
todos os olhares para sua direção.
Sentada à beira da estrada...
Era sempre assim, mas, ninguém, por mais que
forjasse idéias podia imaginar
o que de verdade aquele olhar queria transmitir;
olhar que fitava atento algo
que ninguém sabia ao certo.
Para muitos, o olhar fitava atento o nada.
Sentada à beira da estrada...
Era fascinante com todo seu mistério e beleza. Muitos até tentaram um diálogo com ela,
desejando qualquer tipo de resposta,
mesmo que negativa,
porém, sempre ficava claro que ela preferia
dialogar com o nada,
o nada que ela sempre olhava.
Sentada à beira da estrada...
Não era mais ela, não era mais dona de
tanta beleza e formosura, seu olhar
não tinha mais aquele toque envolto a sedução e ao mistério.
Dizem que, dias atrás, uma bela moça levantou-se de onde estava sentada e, olhando para o nada,
resolveu atravessar a estrada.
O que levou-a a se levantar e caminhar para o nada
será para sempre um mistério.
Ela foi atropelada, arremessada a vários metros,
caindo morta à beira da estrada.
Morta à beira da estrada...
(Renato Curse)