Será?

Estava eu, linda, maquiada, na sacada do vigésimo andar. Minha melhor roupa, para a pior situação. Minha vida não tinha mais sabor nem cor. Havia há muito perdido a esperança.

A indecisão era forte, não sabia o que fazer. Estava tão decidida antes, mas ali à beira de um abismo de prédios, toda a decisão tinha sumido.

Tudo começou a passar pela minha cabeça. Se tentasse criar asas e pulasse não ia mais poder viajar, provar culturas diferentes, conhecer pessoas novas e acordar toda manhã com o Sol entrando pela janela. Mas pensando bem minha vida não é tão poética assim. Minha vida é monótona e segue rotina rígida e cinza.

Abandonar esse mundo é abandonar a família, os amigos, as músicas favoritas, as férias em Florianópolis, as macarronadas aos domingos. E é, também, abandonar todo o sofrimento causado por um amor iludido, a dor, as decepções, as coisas fúteis.

O vento soprava em meu rosto e a música urbana enchia meus ouvidos. Eu estava lá, meus pés e mãos suando frios. Atrás de mim um barulho estrondoso me assusta e os meus pés escorregam na indecisão.