Compaixão

Era uma vez um velho muito velho,

quase cego e surdo, com os joelhos tremendo.

Quando se sentava à mesa para comer,

mal conseguia segurar a colher.

Derramava a sopa na toalha e, quando afinal, acertava a boca,

deixava sempre cair um bocado pelos cantos.

O filho e a nora dele achavam que era uma porcaria

e ficavam com nojo.

Finalmente, acabaram fazendo o velho

se sentar num canto atrás do fogão.

Levavam comida para ele numa tigela de barro

e o que era pior nem lhe davam o bastante.

O velho olhava para a mesa com os olhos compridos,

muitas vezes cheios de lágrimas.

Um dia, suas mãos tremeram tanto

que ele deixou a tigela cair no chão e ela se quebrou.

A mulher ralhou com ele, que não disse nada, só suspirou.

Depois ela comprou uma gamela de madeira

bem baratinha e era ali que ele tinha de comer.

Um dia, quando estavam todos sentados na cozinha,

o neto do velho, que era um menino de quatro anos,

estava brincando com uns pedaços de pau.

- O que é que você está fazendo ? - perguntou o pai.

- Estou fazendo um cocho,

para papai e mamãe poderem comer quando eu crescer.

O menino respondeu.

O marido e a mulher se olharam durante algum tempo

e caíram em prantos.

Depois disso, trouxeram o avô de volta para a mesa.

Desde então passaram a comer todos juntos e,

mesmo quando o velho derramava alguma coisa,

ninguém dizia nada.

A Compaixão é uma das maiores Virtudes do Ser Humano.

DanielFCosta
Enviado por DanielFCosta em 13/11/2012
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