O VIAGEIRO (FINAL)

Esteve em Mato Grosso; conheceu o Pantanal e admirou o seu povo hospitaleiro. Aonde andava oferecia um mimo paulista aos que se faziam seus amigos. Era sim um homem que sabia viajar.

Foi uma vez à Natal e visitou as salinas, riqueza potiguara para exportação.

Sempre viajou e esteve de volta ao seu barraco como dizia, no bairro do Bracaiá, em Salé, São Paulo, dentro dos costumeiros quinze dias. Ficou conhecido no bairro como um cosmopolita pequeno, que conhecia todo o Brasil ou, pelo menos, os lugares muito interessantes. Era de certa forma o orgulho do bairro, pois sendo morador da roça, era procurado até pelas autoridades de Salé, para informações de cunho político ou apenas curiosidade.

Grande Agenor, um gentleman de linguajar arrastado ao caipira. Não era, no entanto, caipira ignorante, acomodado com sua vidinha de roceiro, mas o caipira inteligente, viajado, esperto e de grande cabedal de conhecimentos que fazia inveja aos gravatinhas da cidade. Grande Agenor!

É interessante e ao mesmo tempo triste, ver o que acontece, muitas vezes, com grandes homens: cantores, artistas, sábios, cientistas, poetas, filósofos! O final nunca imaginado. A estonteante maneira como terminam a vida, como se entregando ao alcoolismo, distúrbios mentais, abandono de família e amigos, mendicância até e à anormalidade de tornar-se andarilho. É verdade, a história nos conta fatos assim, através dos tempos.

Agenor também era poeta, um sábio, um artista, uma sumidade em viagens produtivas que todos gostariam de também fazer. E, em sendo sábio, só poderia também ter um final esdrúxulo, diferente, interessante até e triste.

A ÚLTIMA VIAGEM

Na época certa, muniu-se de dinheiro, roupas, documentos e viajou. Como sempre, não disse a ninguém para aonde ia. Viajou. Ele sabia viajar e... nunca, nunca mais voltou!!! Acabou Agenor, o homem que sabia viajar.

Lucan
Enviado por Lucan em 01/03/2007
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