UM SOM DO PASSADO

Tem horas que a gente fala

que deve morrer o passado.

Que ele deve ficar enterrado.

Mas quando temos tantos tesouros guardados?

E teve tão belo significado.

Hoje eu recordei um som.

Estridente.

Um som diferente.

É do meu passado.

Ficou lá longe, distante.

É do tempo que eu era uma menina.

Era o prego que entrava entre as mós do moinho que causava aquele som.

Tem horas que lembrar é tudo de bom.

Deito a cabeça na poltrona.

Espero a lembrança chegar inteira.

Quase posso ver a bananeira.

A macieira.

A menina arteira.

Estou num lugar que nunca vai se acabar.

Onde Deus permitiu que minha infância eu fosse passar...

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 01/03/2007
Reeditado em 24/03/2011
Código do texto: T397294
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.