UM SOM DO PASSADO
Tem horas que a gente fala
que deve morrer o passado.
Que ele deve ficar enterrado.
Mas quando temos tantos tesouros guardados?
E teve tão belo significado.
Hoje eu recordei um som.
Estridente.
Um som diferente.
É do meu passado.
Ficou lá longe, distante.
É do tempo que eu era uma menina.
Era o prego que entrava entre as mós do moinho que causava aquele som.
Tem horas que lembrar é tudo de bom.
Deito a cabeça na poltrona.
Espero a lembrança chegar inteira.
Quase posso ver a bananeira.
A macieira.
A menina arteira.
Estou num lugar que nunca vai se acabar.
Onde Deus permitiu que minha infância eu fosse passar...