Os pingos na parede
O calor me afetava de maneira entediante. As tarefas cansativas de digitalização de letras desenhadas em páginas secas, repletas de cansaço e de uma exaustiva esperança. Bem mais que de repente os pingos iniciam sua transformação, o vento anuncia mudança, a chuva me encharca de uma alegria espantosa que me extasia. Epifania de Clarice. Lembro-me de Macabéa revivendo como grama no sertão. Os pingos molham as paredes ressequidas. A janela é o vislumbre das imagens que me assaltam. Folhas, cheiro, arvores, pessoas... As arvores balançam na mesma direção, alegres e verdejantes... Renova-se o tempo. Um cheiro invade as narinas, entrando, mexendo, revigorando... Sensação de inspiração, um gosto de vida, um movimento de vida, um cheiro de vida... Epifania grandiosa, percepção de entusiasmo... Fotografia que fiz em mim. Para sempre, as arvores em dança alegre e o cheiro invadindo minha alma entusiasmada.