O SOL AINDA BRILHA!
- Vai se machucar Tonho louco! Brada uns moleques passantes.
Antônio Mendonça, um homem que teve o seu naco de figurante influente na cidade!
Ele sempre fora trabalhador braçal e boçal desde menino, mas sempre trabalhador rural, nasceu e cresceu na fazenda Santo Antônio, deveras que a vida sofrida ele já a conhecia, quando atingiu a sua idade matura, ele sempre chegava à cidade pelo fato da fazenda em que vivia ser próxima da mesma!
Em nessas suas vindas para a cidade ele sempre apostava em sua fé, ia a bares, tomava cachaça e dialogava com os amigos, mas o bar de sua preferencia era o do Senhor João, (seu João como ele o chamava) que ficava no extremo da cidade, já na saída para a fazenda, e onde ele tinha créditos também, nesse bar conhecia muitas pessoas do bairro que era a periferia da cidade, e das fazendas por perto, era o ponto de encontro dos matutos, nesse estabelecimento as pessoas não conhecia as pessoas por si próprias, e sim pelo bar do “Seu João, era a referência pra tudo”, pois se tornava mais fácil reconhecer algo ou alguém se se dessem como referência o bar do Seu João, era o ponto de encontro dos matutos!
Nessa rotina a sua vida não era ruim, um dia após receber o seu salário mensal, chegou ele novamente e como sempre à cidade, pagou suas pendências creditais, foi até a lotérica como de seu soer, mas nesse dia Deus olhou para ele, fez dois jogos na loteria e comprou três raspadinhas de prêmios instantâneos!
Feito isso o seu compromisso na cidade estava concluído, então só lhe restou ir para a casa, mas antes uma dosinha no bar do seu João, posto que ninguém seja de ferro: - No bar tudo a alegria se envolve, uma dose aqui, uma risada ali, um dialogo de amigos, horas passam, e a qualquer motivo é motivo de risadas, o bar é melhor que a igreja!
Destarte foi assim para Antônio também, se divertiu como um verdadeiro tolo, e após beber umas e outras, encaminhou-se para a casa na fazenda, hora cantarolando, hora assoviando, e sempre ébrio; chegou-se enfim na casa junto com o ocaso, encontrando seus dois irmãos, sua mãe e seu pai, que já haviam chego do trabalho na roça!
Sem muitas palavras entro a casa e foi destro para a cama, do jeito que deitou passou a noite em um único sono profundo que ressoava pela casa, até que Eros a deusa por quem Apolo é enamorado, o desperta com a claridade da aurora, de um sobressalto, se atira teso para o dia que vinha surgindo, vai ao banheiro para as suas necessidades fisiológicas e higiene pessoal!
- Bom dia pinguço! Deseja a sua mãe que estava desperta há mais tempo e aprontava o que de comer para o dia de trabalho na roça da família!
- Oi mãe! Responde ele ainda com o aroma da cachaça na voz!
- Já tem café forte pronto! Diz a sua mãe.
Ele se serve de café e em um único sorvo engole tudo; apanha um cigarro entre os dedos, acende-o e caminha para a varanda, entre um trago e outro, sentiu a sua boca amargar, mas não parou de fumar, mais um trago, a fumaça exala de seu pulmão com gotículas de saliva e de vida!
- O tempo tá meio fechado hoje! Diz ele para a sua mãe.
- Ai Tonho, tomara que não chova, não quero lavar roupa enlameada amanhã! Retorna a sua mãe.
O manhã seria o sábado era o único dia em que a matriarca o dispôs para fazer os afazeres domésticos, posto que também lavre o roçado!
Antônio ainda na varanda sorvendo o seu cigarro, mais um trago, e em meio a fumaça exalada de seu pulmão se lembra das raspadinhas que comprou no dia anterior, e que está no bolso da sua calça de sair! Retorna para dentro de casa, passa como um vulto por seu pai e seus outros irmãos que já haviam desperto também para mais um dia de trabalho e sem desejar bom dia para os recém-despertos, caminha destro para o quarto, apanha sua calça de sair que está pendurada em uma corda de varal, tateia os bolsos e encontra as raspadinhas, de átimo ele as saca do bolso da calça de sair, e inicia o procedimento de raspagem das mesmas, feito mágica os números começou a surgir diante de seus olhos, primeiro duzentos mil, segundo duzentos mil e terceiro duzentos mil; com os olhos arregalados diante daquela visão ele brada estrondosamente:
- Ganheiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Seus irmãos assustados correm para acudir seu ente de qualquer mau zelo, chegando ao quarto viram Antônio sorrindo com a raspadinha na mão, logo chegou seu pai em seguida a sua mãe já questionando:
- O que foi Tonho?
- Eu ganhei na raspadinha! Diz ele abobalhado.
- Deixa ver? Inquiriu o pai.
- Meu Deus essa daqui tá premiada também! Disse um dos irmãos que apanhou uma das raspadinhas que estava ao chão e a raspou.
- Quanto é? Perguntou o pai.
- Duzentos mil! Responde o irmão.
- Tem outra raspadinha, eu comprei três! Diz Antônio.
- Nossa Senhora da perpetua socorro, tá premiada essa também! Diz a mãe com a raspadinha na mão.
- Quanto é mulher? Questiona o pai.
- Duzentos mil! Diz a mãe atordoada.
Entre abraços e sonhos a serem realizados, nesse dia da família Mendonça, ninguém foi ao trabalho na roça, pois adquiriram uma quantia de seiscentos mil, e suas vidas iriam mudar definitivamente!
Foram todos os cinco familiares ao banco requererem o seu premio, junto com mil sonhos e planos perdulários, já no banco se sentiram ofendidos pela demora do atendimento, pois no Brasil, só fica na fila pessoas comuns!
Após a espera de apenas cinco minutos da chegada ao banco, Posto que Antônio ao ver a imensa fila das pessoas comuns, dirigiu-se ao guarda do banco falando sobre o seu ganho e que precisava ver o gerente do banco!
Mais que depressa o segurança os encaminhou para o encontro com o gerente, que já os aguardava, por ser acionado pelo guarda da importância dessa excelsa visita! Destarte sem mais delongas a família Mendonça adentrou a entidade financeira, deixando todos os outros contribuintes comuns para trás na fila.
- Bom dia! No que posso ser útil para os senhores? Questionou o gerente amigavelmente e com os olhos brilhosos já olhando para as possibilidades financeiras que seu banco poderia ter.
- Viemos buscar o premio que ganhamos! Disse Antônio boçalmente.
- Pois não vamos até a minha sala, por favor! Convidou-os o gerente.
Assim caminharam os seis para uma parte mais cômoda e prazerosa da entidade financeira!
- Traga um café para nós em minha sala! Ordenou o gerente a uma estagiária administrativa, ao passar por ela.
- Entrem, por favor, e sintam-se a vontade! Recomendou o gerente para a família Mendonça ao abrir a porta da sala!
Todos entraram e após se acomodarem, o gerente questionou:
- Deixe-me ver o bilhete premiado?
Antônio sacou do bolso as três cartelas premiadas e as depositou sobre a mesa do mesmo!
- É um premio substancial senhor...
- Antônio Mendonça! Emendou Antônio.
- Sim me perdoe senhor Mendonça! O senhor já tem planos para a aplicação desse dinheiro? Questionou o gerente.
Destarte todos os sonhos e planos perdulários da família Mendonça foram ejaculados sobre o cérebro luxuoso e ganancioso do gerente, que de átimo lhes propôs aplicação perfeita para o dinheiro em um fundo monetário, em seu banco, expos para os Mendonça, números majestosos e sedutores, dos quais a família Mendonça se encantou e aceitou a proposta, assim assinaram empolgados todos os documentos formais e necessários para a abertura da conta e do investimento no fundo monetário, com margem de lucro de cem por cento!
Feito o investimento de parte de seu dinheiro, a família Mendonça sai do banco satisfeita, mas ainda com sonhos a serem realizados, caminham destros para o centro da cidade, para o consumo exacerbado e demente, logo chegando avistam da rua uma casa assobradada com uma placa de vende-se pendurada na grade de guarnição, aproximam-se da casa, chamando, batendo palmas; - Oh de casa! Sem se importarem se estariam incomodando algum contribuinte urbano!
Um senhor de meia idade em uma padaria ao lado da casa saiu à porta do estabelecimento dizendo:
- Pois não!
- Essa casa vendendo, o senhor sabe de quem é? Pergunta o pai de Antônio.
- A casa e esse prédio comercial, são meus! Responde o senhor de meia idade.
- Quantos o senhor quer pela a casa? Inqueri a mãe.
- Bom estou vendendo a casa e o prédio comercial, estou pedindo duzentos mil! Responde o senhor de meia idade.
- Vamos comprar então senhor! Fala fechando o negócio um dos irmãos de Antônio.
- Certo! E como vai ser o pagamento? Questiona o senhor de meia idade.
- Vai ser a vista senhor! Responde Antônio.
- Certo! Então vamos ao cartório e à imobiliária para transferir as escrituras, e depois ao banco para o pagamento! Disse o senhor de meia idade.
Todos acordaram em comum, e foram primeiro ao cartório, posto que seja próximo da residência, todos assinaram, inclusive o tabelião afirmando a compra e confirmando a venda dos imóveis, feito restaram somente à imobiliária e o banco, primeiro iam à imobiliária, toda via era distante, então o senhor de meia idade decidiu ir de carro, mas não cabia todos no automóvel, destarte propôs que somente duas pessoas poderia ir junto, e exigiu que uma das pessoas tivesse que ser o pagador, e explicou aos demais que na imobiliária não havia muita burocracia, eram papeis simples que somente um bastava para assinar, e também fariam uma única viagem para a imobiliária e para o banco depois!
Destarte acordaram em comum entra a família Mendonça que iria Antônio mais um irmão, e que o restante da família iriam comprar os moveis, pois pretendiam mudar logo para a casa nova, e a matriarca Mendonça questionou para o senhor de meia idade:
- A casa está vazia?
- Sim! Respondeu o senhor de meia idade, e complementou dizendo que somente a padaria esta em funcionamento, mas que pra semana iria esvaziar também, se acaso a família necessitar do salão comercial, todos assentiram que sim, que seria melhor, pois pretendiam montar comércio também!
Destarte ocorreu a primeira divisão na família Mendonça naquele dia, dois foram afirmar a compra dos imóveis, e três foram para as compras da mobília, tudo correu divinamente perfeito, todas as compras de seus sonhos foram concluídas com exatidão, mas o tempo não espera e nem nunca esperara por ninguém, logo se viram no ocaso, estavam exaustos e ainda estavam na cidade, dia corriqueiro foi aquele, encaminharam-se para a casa onde moravam até então, e se esqueceram até de almoçar!
Chegaram à casa da fazenda, a mãe correu para o fogão, pois estavam todos com fome, só nesse momento que foram ter na conta que gastaram muita energia e não a repuseram, todos ainda sobre o efeito das coisas boas que estava ainda por vir em suas vidas sofridas!
Em fim seus sofrimentos cessaram, comeram como nobres, dormiram com realeza, o sábado amanheceu ensolarado, a mãe fora à cidade com um dos irmãos de Antônio, mais seu consorte, fizeram uma senhora faxina na casa, para abriga-los e suas mobília novas, o sábado passou rápido, veio então o domingo, amanheceu chovendo, tinha umas goteiras na casa da fazenda, não puderam ira pra cidade, pois tinha muito barro na estrada, o domingo passou sombrio e ansioso esperando uma nova semana se iniciar, em fim chegou à segunda feira o dia estava irradiante, a mobília ia chegar à casa nova, todos iam pedir demissão do emprego na fazendo, para começar vida nova, fizeram doação da mobília antiga para os outros moradores da fazenda, e partiram para a cidade!
O senhor de meia idade desocupou o salão comercial como havia prometido, então iniciaram uma reforma com tudo novo, e abriram seu próprio comercio, a vida lhe dava tudo de bom nos anos que se seguiram, conheceram muitas pessoas importantes na cidade, uma mera porta de passagem do submundo social para a alta sociedade, chances merecido por poucos, o investimento no banco começou a gerar frutos, os irmãos andavam de carro pra tudo quanto era canto da cidade, Antônio conheceu e obteve amizades das pessoas envolvidas coma politica da cidade, era bem vindo às festas dos nababos, a sociedade foi dando as boas vindas para a família Mendonça, que há muito moravam na região, mas não eram conhecidos, mas agora tudo mudou, eles são abastados, e a sociedade acolhe em suas asas maternais pessoas assim, davam opiniões na transição econômica da família, grandes negócios foram fechados entre a família Mendonça e a nobreza da cidade!
Dez anos se passaram a família Mendonça era muito querida na cidade, Antônio apoiava políticos muito capazes de fazer mudanças, que conseguiram até mudar a vida da família, um candidato a prefeito da cidade convidou Antônio para sair de seu vice, Antônio ficou receoso, mas excelentes conselhos foram lhe dados, por seus verdadeiros amigos da alta sociedade, assim ele os ouviu, e saiu com o prefeito para o ser seu vice, logo que assinou para ser vice, já teve um custo para com o partido, mas estava tudo dentro do esperado, a campanha do candidato foi faraônica à custa da família Mendonça que entrou de cabeça para obter mais sucesso na vida, iam ter um membro da família ditando as leis da cidade, empenhoraram a padaria, posto que o dinheiro houvesse se dizimado, um acontecimento no banco, e o investimento da família sofreu grandes danos, mas investiram os restos das economias e acreditaram na fé de Antônio!
O mês de campanha eleitoral foi se afunilando, o nome do candidato ao qual Antônio era o seu vice, era cantado pela voz dos populares nas ruas, estava muito esperançosos, a família Mendonça investiu mais do que tinha na finalização da campanha eleitoral, enfim chega o dia da escolha do povo, mas como o previsto é o imprevisto, o candidato em que Antônio era seu vice, perdeu a eleição, e trouxe com a sua derrota muitas dividas, mas a maior divida veio como um vento forte pra família Mendonça foi feito um empréstimo faraônico no mesmo banco em que eles foram sacar o premio de suas vidas, e para garantir esse empréstimo foi penhorado os imóveis, pois somente assim atingiria o valor exigido pelo banco para tal empréstimo, destarte com a derrota nas eleições em sem dinheiro no bolso, o banco veio e executou a promissória, mais uma vez toda a família Mendonça assinou os documentos formais para tal execução, com a derrota nas eleições a família Mendonça também perdeu seu espaço na sociedade que os acolheram com ternura, pois a sociedade seguiu para o novo candidato que foi eleito, posto que as perspectivas se tornaram melhor para um e danoso para o outro, e esse outro era a família decadente Mendonça!
Retornaram assim para a mesma fazenda e para o seu antigo emprego braçal e boçal, Antônio voltou para a sua vida de antes, somente o pai e a mão não trabalhavam mais na roça, pois eles se aposentaram enquanto estava na cidade, destarte Antônio e os irmãos, continuaram a rotina de dez anos antes, e Antônio sempre chegando à cidade para o seu ritual de quitação de credito e aposta em sua fé, e no retorno para casa à passada no bar do Seu João, que ele deixo de visitar por dez anos, mas agora voltou para todo o sempre, e em uma dessas suas vindas para a cidade, bebeu umas a mais no bar do seu João, e seguiu as curvas da estrada para a casa, mas em uma das curvas da estrada que era reta, ele caiu justamente ao mesmo tempo em que ia passando uns moleques!
- Vai se machucar Tonho louco! Brada os moleques passantes.
Antônio sacode as mãos e os ameaça:
- Aqui pra vocês seus valdevinos!
E continua deitado a beira da estrada repousando a sua mente cansada e ébria!