Uma árvore que caiu dentro de mim.

Uma árvore surgiu no bosque há algum tempo... Trata-se de uma arvore majestosa num pequeno bosque que existe cá dentro dessa caixa de ossos...

Por ela corre uma seiva viscosa, vermelha e morna. Esse líquido vem sendo envenenado pouco a pouco, pela angustia da traição com que pintam seu tronco. A tintura branca é absorvida até chegar nos vasos e ao mesmo tempo fica a mostra para que todos os que passam por ela possam ver sua vergonha. Assim a árvore vai secando... E dos galhos escurecidos brotam pouquíssimas folhas opacas de tristeza e mescladas pelo negro da dor.

Os ventos fortes das surpresas decepcionantes derrubam as folhas uma a uma de forma que em breve nenhuma sobrará. Por enquanto continuam caindo, só não é fácil entender como ainda existe surpresa soprando. A clareza com que a repetição dos erros acarretam aos mesmos resultados desastrosos é mais intensa que o sol de verão. Desta forma tudo se torna tão provável que o vento deveria estar em total inércia, tomado pela certeza.

Ah! A árvore tombou... Mas não caiu. Os galhos secos silenciaram a canção de agonia que sussurravam com o passar dos ventos. Ainda não caiu, mas as raízes não acham onde se agarrar num solo arenoso e fragmentado. Sem encontrar nenhum motivo pra continuar firme ela cai... Em fim ela se entregou a morte para que outra ocupe o seu lugar. Num terreno adubado pelo seu corpo.

Foi assim meu amor que morreu essa arvore. A árvore dos planos que eu fiz contigo e até vivi momentos felizes sub a sombra de uma ilusão. Não posso lhe culpar pelo que aconteceu, nem mesmo pelas doses cavalares de veneno ou pelas inúmeras cobranças. Culpo a me por toda a esperança que depositei como fertilizante para cada galho que veio a tombar e cair. “De que adiantou”, me pergunto, nos meus momentos de distração. De que adiantou?! Tê-la feito tão grande com raízes tão fracas. Adiantou vê-la seca se quebrar em pedacinhos que se incorporaram ao solo... Nada mais restou além do pó dos planos que eu fiz contigo e nunca serão concretizados.

Bela Pessoa
Enviado por Bela Pessoa em 22/10/2012
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