O dia do Cheiro Verde

Na cidade das mangueiras o sol estava irradiante naquele sábado. Manhã adequada para uma praia. Os pássaros cantando, as flores agradecendo e as donas de casa na sua labuta diária. Rádio ligado, panela no fogo, uma trouxa de roupas para lavar...

Dona Zulmira apareceu de supetão pela janela da dona Jacileide perguntando se ela iria ao ver o peso comprar peixe.

Jacileide agradecida por Zulmira perguntar pediu, que ela comprasse um quilo de camarão, dois quilos de tambaqui e um quilo de pescadinha. Pediu também, dois maços de cheiro verde, chicória, pimenta e dois litros de tucupi.

Zulmira até brincou, pegou cinquenta reais de Jacileide e saiu dizendo que nem podia perguntar, que sempre ela acabava indo sozinha fazer um montão de compras.

Da vila Paulina, ali próximo a doca era um pulo para o ver o peso. Pé ante pé, dona Zulmira seguiu pela Castilho França reclamando dos paralelepípedos até chegar em frente a praça Waldemar Henrique, quando saiu do asfalto.

Passando pelos estivadores admirou aqueles casarões antigos e as Mercês e famosa Alfandega.

Quando chegou naquele fuzoe do ver o peso foi só um corre, corre. Comprou os peixes, comprou fruta,comprou jambú, paticholin, óleo de pracaxi, água de Veronica, espanta olho grande, tajá, Aruda e comigo ninguém pode. Mais adiante, comprou farinha d” água, tapioca e parou num garotinho, que estava com um paneiro de cheiro verde e perguntou o valor do maço.

- Molque, quanto custa o maço do cheiro.

O moleque respondeu: - Tia é só um real o maço.

Dona Zulmira ao olhar na carteira, viu que só tinha os cinquenta da Jacileide e não pensou duas vezes pediu dois maços e deu em pagamento cinquenta reais.

O moleque reclamou:

- Poxa senhora a senhora não tem menor?

- Não meu filho.

O menino, franzino, com uma camisa de um candidato, escrito sou “dú Pará pai d’ e´gua” pediu para a dona Zulmira esperar.

- dona tome conta do meu paneiro de cheiro verde, que eu vou trocar o seu dinheiro.

Naquele sol de mais ou menos dez e meia, Dona Zulmira ficou reparando o paneiro, enquanto o menino saio ao redor para trocar o dinheiro. Meia hora depois e nada do menino conseguir trocar o dinheiro. Ele pensou um pouco, fez sinal para um ônibus e entrou.

De longe dona Zulmira acompanhava a odisseia, quando o menino passou no ônibus olhando pela janela e Dona Zulmira ficou esperando.

Quando ela chegou na casa da Jacileide, as lagrima vinham copiosamente. Ela nem conseguia falar direito. Mas o que deu para entender foi que ela foi vítima de mais um golpe no ver o peso.