DISCURSOS E DISCURSÕES. LIA LÚCIA DE SÁ LEITÃO - 21 de outubro de 2012
Há quem se compadeça de bandido, eu tive esse sentimento de compaixão faz uns anos, hoje confesso não tenho mais tamanha desenvoltura em defendê-los, apenas aprendi a olhar seco, sem alma, sem aquela ternura que olhamos o ser humano, brutalizei meus sentimentos tanto quanto. É tudo muito fácil apontar os coitadinhos sociais, os marginalizados pelo poder do vil, metal, m as no mundo sempre existiu classes, hierarquias, família e sociedade, homens do bem e as hordas.
Dizer que sou favorável aos Direitos Humanos, claro que sim! Defendo os direitos do homem de bem! Ops! Ops! Algo deu errado em minha escrita! Os Direitos Humanos funcionam para quem? Vamos lá, minha ignorância não alcança a magnificência dos doutores da lei.
Tempo astrás tive que voltar de Florianópolis urgente porque minha mãe havia entrado em depressão, uma nova síndrome se apontava aos nossos dias de dor e busca pela superação. Algo parecido como a Síndrome da Impotência do Idoso. O psiquiatra que nos atendeu apontou para um sentimento de impotência diante da violência e falta de autoridade do Estado em relação ao cidadão.
Fazia poucos dias que meu pai havia sofrido um sequestro na porta de casa, ela assistiu tudo sem nada poder fazer, apenas pediu para os dois rapazes não o maltratarem que toda as exigências seriam cumpridas à risca, mas não o maltratassem. Papai, muito esperto e destemido, não pelo fato de ser um exímio lutador, mas na tentativa de protege-la daquela situação de vexame, resistiu bravamente e já dentro do carro, reagiu, tomou o revólver, segurou o volante do carro e adentrou na garagem com tamanha violência que os moleques correram com medo daquela afoiteza. Coisa que ele mesmo sempre alertou para não reagir a quaisquer violência ele mesmo venceu o temor de idoso e foi para o tudo ou nada!
Feito o boletim de ocorrência a polícia alertou para a pouca idade dos meninos, e que nada podiam fazer. Os Direitos Humanos disseram que os meninos eram produtos do meio. Nunca deram apoio aos meus pais, a mãe se entregou a essa crise de impotência a famosa depressão e meses depois veio a falecer, papai ainda luta heroicamente pela vida.
Mas, a bem da verdade, tenho visto muitas coisas nessa vida de meu Deus, uma delas é o abuso favorecido pelo Estado de manter a família de um marginal com feira, dinheiro e outras benesses, quando omitem qualquer ajuda para a família daquele que sofreu o infortúnio de ter a vida interrompida por um desprotegido social.
É fato a mortandade por encomenda dos policiais em São Paulo. Aposentados que retornaram ao trabalho para manter a dignidade da família. Profissionais que ainda procuram gerir seu tempo livre ou sua folga buscando o trabalho paralelo visando o dinheiro que agregue uma qualidade de vida melhor, escola, plano de saúde, carro, moradia; não importa algo que favoreça um pouco mais de dignidade.
É fato exigir dos políticos a menor idade para criminosos, é fato pedir a Justiça que recomponha a moral e a ética da sociedade desacreditada pela caduquice das próprias Leis. A sociedade foi desarmada para ver o banditismo intimidando a própria polícia com uma força tática e bélica de guerrilheiros. Os militares do regime repressivo brasileiro metiam medo nos jovens da década de 70 que os guerrilheiros eram perigosos, bandidos desastrosos, COMUNISTAS que comeriam os fígados das criancinhas do Brasil. Conheci alguns desses guerrilheiros ao longo da vida, xi! Ai se todos os bandidos tivessem a dignidade de pensar no outro, o respeito ao outro e uma luta inglória pela melhoria de vida do outro.
E agora? O que fazer com as armas de grosso calibre dos bandidos? Dos assassinos de crianças e mulheres, idosos? Um país sem Lei, nem Rei, que vergonha!
Ficamos a mercê de Leis caducas que não assustam, os libertinos se divertem da Justiça, zombam da cara do poder público e continuam livres para qualquer tipo de ação.