Os Negócios Do Rei.

Natur luziu seu ouro para despertar os ânimos de voluntários para vingar-se da tribo oposta, e disse a quantia fixa é mais que suficiente se fracionaria entre todos que restassem do embate!

A multidão se apressou em se apossar de todo possível afeto presente para se libertar das culpas e saudades, e então, com a empunhadura das armas a alma pôde se tornar em bronze.

Quando a madrugada se afastou já estavam nas planuras distantes dos campos propícios à morte!

E lá se foi a mesma; colhendo da seara moída os espíritos que pouco à pouco eram coagidos para fora de seu simulacro, e quando seu grande número desfez o inimigo a cobiça os voltou contra suas próprias forças.

No palácio a espera real contava com poucos restantes; mas o imprevisto trouxe somente o solitário!

A guarda relaxou suas armas, e o homem de guerra desfilou na curta estrada que levava ao trono.

O homem se prostrou em ensaiada vênia, e o rei o ergueu sob a leveza das finas palmas:

-Onde estão teus irmãos?

-Foram mortos pelo inimigo, e por suas próprias mãos!

-Se a fortuna atraiçoeirou tantos corações temo que tal fortuna lhe faça mal à alma; mas tome lá teu grande bocado, e parta para gozar a vida!

O abraço do rei conduzia à arca quando a mão do guerreiro se adiantou ao traiçoeiro movimento de capa do monarca; e o corpo pesado do homem precipitou eviscerado diante de quem havia de atraiçoar.

-Ainda morrendo zombo de ti guerreiro!Meu ventre aberto e tua cabeça no cepo, e quanto ao ouro em quem confiava, nem meu nem teu...

Anderson Dias Cardoso.

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