Conto de amor_ Separados pelo destino .
O homem se perde em seus devaneios. Uma lágrima quente rola pelo seu rosto já desfigurado pela tristeza que o domina. Deitado de lado, numa cama de casal feita de madeira reforçada, cor bem acobreada, uma colcha azul escuro , caída quase que arrastando ao chão, travesseiros altos, com fronhas listradas de azul e preto, traziam um alento ao jovem, o perfume que exalava do tecido recém lavado o fazia respirar melhor, mesmo assim ele trazia todas as suas revoltas pelo que passara há quarenta e oito horas apenas. Pelo reflexo do aparador que ficava no canto do quarto, podia-se encontrar dois olhos enormes , azuis celestes, claros como céu em dia ensolarado, mas tristes, como se carregasse um enigma indecifrável, e só ele , somente ele poderia descobrir. Neste momento ele vira para o outro lado , mostrando uma tez morena, duas covinhas no rosto mesmo sem sorrir, sobrancelhas longas e cheias, olhar interrogativo, braços fortes que seguravam o lençol que o cobria, ombros morenos, que se viam percorrendo o seu corpo saudável, e às vezes passando a mão pelos cabelos um pouco desalinhados, tom marrom escuro. Mas todo esse perfil não escondia a tristeza e a dor que não cansava de ser notada em seus olhos impenetráveis. Seu nome era pouco comum, ali naquela região , poucos o conheciam como Doutor Joan, mas ninguém sabia de onde ele viera. Há pouco tempo, menos de dois anos , ele chegara no seu carro possante preto, descera com duas ou três malas, descera do carro sem demonstrar muito interesse no local. Acompanhava o nosso personagem a sua linda esposa, mas de aparência frágil, mulher também ,com seus lindos cabelos encaracolados, amarrados no alto da cabeça com uma fita vermelha. Ela se chamava Mirna, ainda se mostrava bem moça, com calças compridas de algodão florido, blusa vermelha com detalhes de renda nas mangas, sapatos de salto médio,pretos, um olhar esverdeado que ora parecia verde das florestas, ora verde mar, mas ela não parecia bem , apoiava no ombro de Joan, que meio sem saber o que fazia, colocou rapidamente as malas no degrau do chalé, e rapidamente fechava os vidros do carro, trancava a porta, segurou-a firme pelos ombros e a levou par adentro do chalé.Até que enfim eles haviam chegado. Moravam na capital .Eram felizes, apaixonados, viviam a plenitude do amor. Tinham pouco tempo de casados, uns três anos mais ou menos. Mas o destino quis que Mirna adoecesse de pneumonia, o que a levou a sentir fortes dores no peito, a escarrar sangue, enfraquecendo a cada dia. O médico pneumologista que a acompanhara desde que descobrira a gravidade da sua doença , pediu a Joan, que era medido urologista, que a levasse urgente para o campo, onde ela iria respirar o ar puro das montanhas e ficar em contato com a natureza. Isso seria a última tentativa, pois a cada dia Mirna piorava mais.O chalé que ele alugara ficava a poucos quilômetros de uma vasta área de árvores, que oxigenavam toda a região. O lugar era lindo! O chalé situava-se a poucos metros da praia, ouvia-se o doce rebentar das ondas, e o canto dos pássaros estavam presentes direto perto das plantas e janelas do pequeno chalé. Os aposentos, que na verdade eram a cozinha, a pequena sala , mas aconchegante, um pequeno quarto de visitas, uma varanda coberta com folhas e flores descendo pelos muros, o quarto do casal, tamanho médio, mas que atendia às necessidades do casal.Era tudo perfeito e lindo, se não fosse pela moléstia de Mirna. Logo após eles terem chegado, apareceu a faxineira e a cozinheira que Joan já havia contratado. O chalé já se encontrava todo pronto, arrumado, a comida já se encontrava preparada com temperos deliciosos, a roupa de cama já cheirava a flores, já se percebia o anoitecer .Após algum tempo, depois do banho morno de banheira com sachês e essências florais, Mirna colocou uma camisola branca,com florzinhas rosas bordadas a mão, que ganhara da sua mãe logo que se casou, tomou a sopa cheirosa e quentinha, escovou e soltou os cabelos e foi para o seu quarto repousar.Assim foi aquele ano todo. Mirna se encontrava mais forte e com mais energia. Jean aos poucos se animava com a sua convalescência. Muitos foram os passeios de barco ao redor do lago, as caminhadas na beira da praia, o despertar com o canto dos pássaros, o saborear dos vários pratos que eram servidos, as conversas na varandas, os olhares para a linha do horizonte, onde se viam navios passarem ,o doce adormecer um nos braços do outro. Mas um dia , Joan resolveu dar um passeio com Mirna mais pras bandas do bosque , onde havia várias árvores. Arrumaram tudo numa cesta de piquenique e foram. Depois de uma longa caminhada chegaram no local . Embrenharam-se por densas árvores, e não perceberam que o tempo mudou de repente. Rapidamente grossos pingos de chuva começaram a cair. Forte vento açoitava os galhos , o ribombar dos trovões com relâmpagos a riscarem os céus aterrorizavam a doce Mirna. Sem saber como se proteger, pois não tinham como, a chuva estava muito forte, eles se molharam todos os seus corpos. Não demorou para que ela começasse a tosse. Joan aterrorizado tentava cobri-la com seu corpo, mas ele também já estava ensopado. Não houve tempo para voltarem ao chalé. Depois da forte tempestade ele a colocou em seu colo , já toda trêmula e fria, e a levou par ao chalé. Tentou aquecê-la, reanimá-la, mas Mirna ainda não estava totalmente restabelecida. Logo a tosse a tomou violentamente , e com golfadas de sangue ela não suportou a enfermidade. Não deu tempo nem de sair apressado com sua esposa. Em seu s fortes braços ele suspirou pela última vez. Joan deu um grito felino , como de animal ferido.Já fazia mais de um ano que eles haviam chegado ali, e a esperança dele já estava fazendo o seu coração bater mais forte. Triste a cena que ele viu refletida no espelho do seu quarto, onde tivera Mirna várias noites aninhada nos seus braços. Passou-se a noite, no outro dia todos já sabiam da terrível notícia. Mirna foi velada na capela do povoado mais próximo e sepultada num campo coberto de flores silvestres e margaridas. Neste momento Joan torna a passar as mãos sobre os seus cabelos, Levanta da sua cama, toma um banho, troca de roupa, arruma suas malas , despede das camareiras, entrega-lhes as chaves do chalé,pedindo-as que as devolva ao dono , entra no seu carro e triste demais faz a sua viagem de volta a capital. Vai tentar viver sem Mirna, tentar ser feliz mais uma vez. Esse é o seu objetivo. Nunca esquecerá da sua amada esposa, mas ele terá que refazer sua vida , pois nesse mundo a solidão não agrada a ninguém. Mas ele promete a si mesmo, dar um tempo para se preocupar em apaixonar-se de novo. O amor é assim. Sempre um lindo recomeço.
O homem se perde em seus devaneios. Uma lágrima quente rola pelo seu rosto já desfigurado pela tristeza que o domina. Deitado de lado, numa cama de casal feita de madeira reforçada, cor bem acobreada, uma colcha azul escuro , caída quase que arrastando ao chão, travesseiros altos, com fronhas listradas de azul e preto, traziam um alento ao jovem, o perfume que exalava do tecido recém lavado o fazia respirar melhor, mesmo assim ele trazia todas as suas revoltas pelo que passara há quarenta e oito horas apenas. Pelo reflexo do aparador que ficava no canto do quarto, podia-se encontrar dois olhos enormes , azuis celestes, claros como céu em dia ensolarado, mas tristes, como se carregasse um enigma indecifrável, e só ele , somente ele poderia descobrir. Neste momento ele vira para o outro lado , mostrando uma tez morena, duas covinhas no rosto mesmo sem sorrir, sobrancelhas longas e cheias, olhar interrogativo, braços fortes que seguravam o lençol que o cobria, ombros morenos, que se viam percorrendo o seu corpo saudável, e às vezes passando a mão pelos cabelos um pouco desalinhados, tom marrom escuro. Mas todo esse perfil não escondia a tristeza e a dor que não cansava de ser notada em seus olhos impenetráveis. Seu nome era pouco comum, ali naquela região , poucos o conheciam como Doutor Joan, mas ninguém sabia de onde ele viera. Há pouco tempo, menos de dois anos , ele chegara no seu carro possante preto, descera com duas ou três malas, descera do carro sem demonstrar muito interesse no local. Acompanhava o nosso personagem a sua linda esposa, mas de aparência frágil, mulher também ,com seus lindos cabelos encaracolados, amarrados no alto da cabeça com uma fita vermelha. Ela se chamava Mirna, ainda se mostrava bem moça, com calças compridas de algodão florido, blusa vermelha com detalhes de renda nas mangas, sapatos de salto médio,pretos, um olhar esverdeado que ora parecia verde das florestas, ora verde mar, mas ela não parecia bem , apoiava no ombro de Joan, que meio sem saber o que fazia, colocou rapidamente as malas no degrau do chalé, e rapidamente fechava os vidros do carro, trancava a porta, segurou-a firme pelos ombros e a levou par adentro do chalé.Até que enfim eles haviam chegado. Moravam na capital .Eram felizes, apaixonados, viviam a plenitude do amor. Tinham pouco tempo de casados, uns três anos mais ou menos. Mas o destino quis que Mirna adoecesse de pneumonia, o que a levou a sentir fortes dores no peito, a escarrar sangue, enfraquecendo a cada dia. O médico pneumologista que a acompanhara desde que descobrira a gravidade da sua doença , pediu a Joan, que era medido urologista, que a levasse urgente para o campo, onde ela iria respirar o ar puro das montanhas e ficar em contato com a natureza. Isso seria a última tentativa, pois a cada dia Mirna piorava mais.O chalé que ele alugara ficava a poucos quilômetros de uma vasta área de árvores, que oxigenavam toda a região. O lugar era lindo! O chalé situava-se a poucos metros da praia, ouvia-se o doce rebentar das ondas, e o canto dos pássaros estavam presentes direto perto das plantas e janelas do pequeno chalé. Os aposentos, que na verdade eram a cozinha, a pequena sala , mas aconchegante, um pequeno quarto de visitas, uma varanda coberta com folhas e flores descendo pelos muros, o quarto do casal, tamanho médio, mas que atendia às necessidades do casal.Era tudo perfeito e lindo, se não fosse pela moléstia de Mirna. Logo após eles terem chegado, apareceu a faxineira e a cozinheira que Joan já havia contratado. O chalé já se encontrava todo pronto, arrumado, a comida já se encontrava preparada com temperos deliciosos, a roupa de cama já cheirava a flores, já se percebia o anoitecer .Após algum tempo, depois do banho morno de banheira com sachês e essências florais, Mirna colocou uma camisola branca,com florzinhas rosas bordadas a mão, que ganhara da sua mãe logo que se casou, tomou a sopa cheirosa e quentinha, escovou e soltou os cabelos e foi para o seu quarto repousar.Assim foi aquele ano todo. Mirna se encontrava mais forte e com mais energia. Jean aos poucos se animava com a sua convalescência. Muitos foram os passeios de barco ao redor do lago, as caminhadas na beira da praia, o despertar com o canto dos pássaros, o saborear dos vários pratos que eram servidos, as conversas na varandas, os olhares para a linha do horizonte, onde se viam navios passarem ,o doce adormecer um nos braços do outro. Mas um dia , Joan resolveu dar um passeio com Mirna mais pras bandas do bosque , onde havia várias árvores. Arrumaram tudo numa cesta de piquenique e foram. Depois de uma longa caminhada chegaram no local . Embrenharam-se por densas árvores, e não perceberam que o tempo mudou de repente. Rapidamente grossos pingos de chuva começaram a cair. Forte vento açoitava os galhos , o ribombar dos trovões com relâmpagos a riscarem os céus aterrorizavam a doce Mirna. Sem saber como se proteger, pois não tinham como, a chuva estava muito forte, eles se molharam todos os seus corpos. Não demorou para que ela começasse a tosse. Joan aterrorizado tentava cobri-la com seu corpo, mas ele também já estava ensopado. Não houve tempo para voltarem ao chalé. Depois da forte tempestade ele a colocou em seu colo , já toda trêmula e fria, e a levou par ao chalé. Tentou aquecê-la, reanimá-la, mas Mirna ainda não estava totalmente restabelecida. Logo a tosse a tomou violentamente , e com golfadas de sangue ela não suportou a enfermidade. Não deu tempo nem de sair apressado com sua esposa. Em seu s fortes braços ele suspirou pela última vez. Joan deu um grito felino , como de animal ferido.Já fazia mais de um ano que eles haviam chegado ali, e a esperança dele já estava fazendo o seu coração bater mais forte. Triste a cena que ele viu refletida no espelho do seu quarto, onde tivera Mirna várias noites aninhada nos seus braços. Passou-se a noite, no outro dia todos já sabiam da terrível notícia. Mirna foi velada na capela do povoado mais próximo e sepultada num campo coberto de flores silvestres e margaridas. Neste momento Joan torna a passar as mãos sobre os seus cabelos, Levanta da sua cama, toma um banho, troca de roupa, arruma suas malas , despede das camareiras, entrega-lhes as chaves do chalé,pedindo-as que as devolva ao dono , entra no seu carro e triste demais faz a sua viagem de volta a capital. Vai tentar viver sem Mirna, tentar ser feliz mais uma vez. Esse é o seu objetivo. Nunca esquecerá da sua amada esposa, mas ele terá que refazer sua vida , pois nesse mundo a solidão não agrada a ninguém. Mas ele promete a si mesmo, dar um tempo para se preocupar em apaixonar-se de novo. O amor é assim. Sempre um lindo recomeço.
Autora: Margareth Rafael